O Partido dos Trabalhadores enfrenta um amplo processo de renovação, que inclui a retomada de lutas históricas, a reaproximação de suas bases eleitorais e a árdua defesa de um modelo de governo vitorioso até então. A avaliação é do presidente Nacional do PT, Rui Falcão, em entrevista à revista “Caros Amigos”, na edição especial de julho.
“É o momento de revigorar o PT, de fazer a defesa do PT nacionalmente, de repopularizar temas em que nós sempre fomos bons”, afirmou.
“O PT é bom de governo”, lembra desse slogan? Nós precisamos popularizar isso”, completou Rui Falcão.
Para o dirigente, o principal desafio hoje é enfrentar a resistência de parte da elite brasileira em aceitar reformas sociais que beneficiam setores mais populares. Entre elas estão reforma agrária, política, tributária e a democratização da mídia, todas pendentes no Congresso Nacional.
“Isso incomoda os setores dominantes, porque esse crescimento nos setores populares, que identificam as suas conquistas com um partido ou com um governo, tende a se projetar nas eleições. Isso vai criando uma perspectiva de muito crescimento para as forças populares e é preciso barrar isso”, justificou.
O presidente do PT comparou as tentativas de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff com processos de desestabilização sofridos por governos democraticamente eleitos na América Latina, os chamados “golpes constitucionais” no Paraguai e em Honduras.
“São coisas que se repetem, embora em outras conjunturas, mas a resistência da elite às mudanças, à ascensão dos setores populares é a mesma. E a dificuldade de mexer com mecanismos de poder real”, ressaltou.
Rui Falcão fez uma avaliação otimista para os próximos três anos e meio de mandato de Dilma. Para ele, há uma perspectiva forte de avanço que possibilidade apresentar a legenda como “alternativa de continuidade, com mudanças”.
“Nós vamos lutar para ter continuidade porque achamos que o projeto precisa se desenvolver, precisa de mais tempo”, afirmou.
Autocrítica – Rui Falcão lamentou o fato de o PT ter dado pouca prioridade a duas lutas primordiais: a democratização da mídia, proposta no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e a reforma do sistema político eleitoral, com a extinção do financiamento empresarial de campanha.
Sobre a reforma política, o dirigente é descrente quanto a possibilidade de o atual parlamento realizar uma mudança profunda. Para ele, somente por meio de uma constituinte será feita uma “verdadeira reforma”.
“As pessoas (o Congresso eleito) não querem mudar um sistema que lhes é benéfico”, disse.
“Quer dizer, o peso do poder econômico, o peso da mídia, tudo conjugado, acaba promovendo essa composição do Congresso Nacional, que muitas vezes numa aliança ajuda a eleger um presidente popular, e depois impede que ele avance no governo”, completou.
O dirigente criticou ainda a impossibilidade de regulamentar a mídia com a atual composição do parlamento. “O verdadeiro partido de oposição do País, na minha opinião, é a mídia monopolizada”, declarou.
“Um Congresso que opera o tempo todo para forçar concessões, e a mídia é pedra de toque. Basta ver que a primeira declaração do atual presidente da Câmara (Eduardo Cunha-PMDB), foi dizer que “ali não passará” nada que diga respeito à democratização da mídia, nem nada que diga respeito aos costumes”, reforçou Rui Falcão.
Da Redação da Agência PT de Notícias