Vivemos tempos terríveis, nos quais a diferença é vista como algo pernicioso, ruim, doente. Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais são, cada vez mais, massacrados por ousar amar.
A ironia é que no dia dedicado aos amantes, no espectro mais diverso, aqui no Brasil, assistamos atônitos a efetivação da tragédia norte-americana.
O preconceito, a intolerância, a violência e a morte acompanham cotidianamente todas as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Uma intolerância que nega a possibilidade que cada uma e cada um seja a livre expressão de sua própria identidade de gênero.
Não podemos assistir indiferentes a institucionalização da violência, do preconceito, do ódio que se materializa em maus tratos e morte.
O Partido dos Trabalhadores vem a público externar sua solidariedade às famílias das vítimas do massacre de Orlando, Florida. Nenhum argumento poderá ser utilizado como justificativa para tamanha barbárie.
O Partido dos Trabalhadores nasceu das diferentes lutas sociais, cujas bandeiras históricas não podem permanecer adormecidas ou escondidas na burocracia institucional.
Esse massacre expressa o quanto a sociedade está distante da paz social. Não se pode esquecer que a situação brasileira não é melhor, pois o Brasil é o 2º país que mais mata LGBT no mundo.
É responsabilidade de todos e todas lutarem para que mecanismos institucionais que criminalizem a violência e preconceito contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais sejam aprovados e postos em prática.
Somente a atuação conjunta entre executivo, legislativo e judiciário poderão conter a barbárie que vivenciamos em nossos dias.
Não é mais possível buscar conciliação com setores conservadores e fundamentalistas, o resultado já conhecemos bem: o extermínio de tudo o que possa incomodar ou ferir os padrões previamente estabelecidos.
A alteridade, na visão fundamentalista e extremista, é assimilada como algo pernicioso e danoso que precisa ser combatido e, mais, eliminada da sociedade.
A indignação não deve paralisar a luta por igualdade, ao contrário, deve fortalecer os vínculos dos diferentes movimentos sociais LGBT com a sociedade.
Essas vozes não poderão ser silenciadas sob pena de incorrermos no maior retrocesso civilizatório da história brasileira.
Por isso mesmo, o PT seguirá lutando contra toda forma de preconceito, discriminação, violência, ainda que alguns considerem questão delicada e polêmica.
Nossa história não pode ser esquecida.
O Partido dos Trabalhadores surgiu da construção coletiva entre diferentes estratos sociais.
Muito sangue foi derramado pela ignorância, pelo medo e pela covardia. Nosso povo é acolhedor, alegre, solidário.
Devemos honrar aquelas e aqueles que tombaram no intuito de construir uma sociedade digna, fraterna.
As mortes de todos os LGBT não serão perdidas enquanto tivermos a coragem de elevar nossa voz e gritar pelo fim da violência, do ódio, do preconceito.
Nossa missão é agora, mais do que nunca, vencer a intolerância e garantir que barbáries como essa jamais se repitam, pois essa ação lembra-nos que estamos muito distantes da isonomia tão sonhada pelos LGBT no Brasil e no mundo.
Azilton Ferreira Viana é membro da coordenação Nacional do setorial LGBT do PT e mestrando em Ciência da Informação PPGCI/UFMG