Na manhã da segunda-feira (3), a sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), no oeste do estado do Pará, sofreu uma invasão por madeireiros da região.
Os invasores defendem a criação de cooperativas de manejo dentro da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós Arapiuns sem realizar nenhum tipo de consulta à comunidade local, como preveem as normas e diretrizes que regem as reservas e como defende o sindicato.
De acordo com Marilene Rodrigues Rocha, secretária de Administração e Finanças do Sindicato, um grupo de trabalhadores rurais que atua em cooperativas fantasmas foi incentivado com informações falsas pelas empresas madeireiras a invadir a sede do sindicato. “São agricultores de cooperativas fantasmas, mal informados, que vieram a mando dos madeiros que atuam na região”, afirma a dirigente.
A reação dos madeireiros ocorreu após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) ter suspendido, na última sexta-feira (30), a decisão liminar da Justiça Federal de Santarém que autorizava a retomada dos processos de Plano de Manejo dentro da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós Arapiuns, entre os municípios de Santarém e Aveiro (PA).
“Nosso total apoio aos companheiros e companheiras do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), no Pará, cuja sede foi invadida na segunda-feira (3). Este tipo de ato é intolerável. Impasses devem ser resolvidos na base do diálogo. Cobraremos das autoridades competentes a máxima apuração sobre este episódio lamentável. Esperamos uma solução pacífica para o caso. Que vença sempre a democracia, jamais o ódio”, afirma o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT no Senado Federal
A Ação Civil Pública (ACP) foi movida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém e pelo Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), com assessoria jurídica da Terra de Direitos. As entidades pediram a suspensão dos procedimentos de aprovação dos planos de manejo florestal dentro da Resex até que fosse realizada a consulta prévia, livre e informada das 78 comunidades tradicionais e aldeias que vivem na Reserva.
Segundo Marilene, em uma unidade de conservação com 667 mil hectares, estão criando duas cooperativas de manejo forestal sem qualquer consulta a comunidades nem aos representantes dos trabalhadores. “O sindicato é contra, sim, porque a decisão não está sendo discutida com as comunidades, as famílias, nem tampouco foi feita a pesquisa prévia para saber se eles aceitam ou não essas cooperativas no local, nem sabemos quem seriam os organizadores dessa cooperativa”, explica a dirigente. “Queremos que o processo seja feito de forma democrática e com participação social”, afirma.
Vereador do PT presta solidariedade
No mesmo dia da invasão do sindicato pelos madeireiros, também o vereador Carlos Martins (PT) prestou apoio e solidariedade ao Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém durante pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal.
“O que foi relatado pelo STTR, e o que chegou até nós, é que a consulta não foi feita de forma adequada e por isso a decisão do Tribunal Regional. O que quero reforçar é que essa atitude de invasão não se justifica, por mais que haja uma diferença de pensamento entre os cooperados, o sindicato e o CITA. O diálogo é o melhor caminho para se buscar o entendimento. Destaco mais uma vez minha solidariedade e meu apoio ao STTR, e entendo que o que deve prevalecer é a transparência, o diálogo e o entendimento”, afirmou Carlos Martins.
“O que nós queremos é que o modelo de desenvolvimento da região possa levar oportunidade a todas as comunidades e aldeias, e que não apenas algumas pessoas possam se prevalecer dos benefícios do desenvolvimento e da riqueza que isso acarreta. O objetivo do desenvolvimento é chegar a todas as pessoas para que melhore realmente as condições de vida na região”, enfatizou o vereador.
Da Redação, com site da CUT