A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), anunciou nesta quarta-feira, 27, que o partido vai requerer o compartilhamento do inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, com as provas da ação orquestrada por empresários durante as eleições presidenciais de 2018 de pagar a distribuição de fake news para beneficiar a eleição de Jair Bolsonaro.
“As provas que o STF levantou contra a quadrilha das Fake News fortalecem ações que o PT abriu no Tribunal Superior Eleitoral para cassar a chapa Bolsonaro-Mourão por crimes eleitorais em 2018”, disse. “O PT vai requisitar compartilhamento do inquérito do STF. O Brasil precisa de uma nova eleição para presidente da República”, ressaltou. O advogado Eugênio Aragão, ex-procurador-geral eleitoral e que atua na defesa do PT, confirmou que vai pedir ao TSE o compartilhamento do inquérito.
Nesta quarta, o ministro Alexandre de Moraes determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de empresários bolsonaristas, entre julho de 2018 e abril de 2020. As provas que serão coletadas pelos investigadores vão abranger o período da campanha presidencial que levou à ascensão de Bolsonaro à Presidência. Gleisi diz que as provas reforçam as acusações de irregularidades cometidas na campanha do presidente da República.
Entre os empresários suspeitos de financiar de maneira criminosa o bolsonarismo, incluindo pagamento de disparos e a campanha de intimidação da cúpula do Congresso Nacional e do próprio STF estão Luciano Hang (Havan), Edgard Gomes Corona (Smart Fit) e Otavio Fakhoury (Crítica Nacional), além do humorista Reynaldo Bianchi Júnior e do o coordenador do Bloco Movimento Brasil, Winston Rodrigues Lima.
As provas colhidas no inquérito das fake news – que tramita no STF – podem influenciar as ações do TSE que investigam supostas irregularidades cometidas pela campanha de Bolsonaro em 2018. “É evidente a pertinência entre as matérias tratadas no inquérito e nas ações, ainda mais que parte das fake news continham agressões verbais ao próprio TSE, colocando em dúvida a lisura do escrutínio”, disse Aragão.
Recentemente, Bolsonaro chegou a declarar que tinha provas de que fraude no primeiro turno das eleições, mas nunca as apresentou. O procurador-geral da República, Augusto Aras, anunciou que vai pedir o arquivamento do inquérito sobre fake news, porque considerada “exagerada” a ação de busca e apreensão autorizada pelo Supremo.
O compartilhamento de provas do STF com o TSE não seria um movimento inédito. Em 2016, as ações do TSE que investigaram suposto abuso de poder político e econômico na chapa eleita de Dilma Rousseff e Michel Temer foram incrementadas com depoimentos de delatores da Odebrecht, que tiveram o acordo de colaboração premiada homologado pelo STF. A eleição da chapa foi mantida. O relator do caso era o ministro Gilmar Mendes.
‘Furna da Onça’
Há duas semanas, o PT apresentou ao TSE pedido para incluir as denúncias feitas pelo empresário Paulo Marinho contra o senador Flávio Bolsonaro (RJ). Ele revelou que a Polícia Federal adiou por uma semana o início da operação Furna da Onça, o que beneficiou o parlamentar e pai, Jair Bolsonaro. O adiamento proposital da operação da PF acabou beneficiando a candidatura de Bolsonaro.
O PT tem ações contra a eleição de Bolsonaro, pedindo a cassação do registro e diploma da chapa eleita em 2018, composta por ele e o vice, General Hamilton Mourão, além da declaração de inelegibilidade de ambos por oito anos.
Uma das ações pede ao TSE para investigar o suposto uso irregular do WhatsApp para difundir informações falsas e ataques contra o então candidato Fernando Haddad durante a campanha eleitoral. A ‘Folha de S.Paulo’ denunciou, na época, que um funcionário de uma empresa vendia disparos de mensagens em massa contra o petista e em favor de Bolsonaro.
Outra ação também pede investigação do uso do WhatsApp nas eleições com fundamento em denúncia da ‘Folha’, de 18 de outubro, em que se noticiou que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT, de maneira ilegal. O WhatsApp informou, na época, que bloqueou uma série de contas das empresas citadas na reportagem.
Da Redação, com Agência Estado