O líder do PT na Câmara, Ênio Verri (PR), e o deputado federal Paulo Pimenta (RS) pediram à Procuradoria Geral da República que reavalie o pedido de investigação apresentado pela legenda em 2017 contra o advogado Carlos Zucolotto, amigo do ex-juiz Sergio Moro, e sócio de Rosângela Moro, mulher do ex-ministro da Justiça. O pedido foi apresentado nesta semana, depois de vir a público que o procurador-geral da República, Augusto Aras, retomou negociação de acordo de delação com o advogado Rodrigo Tacla Duran, que atinge diretamente Zucolotto, com potencial de expor os podres da Lava Jato e da atuação suspeita e ilegal de Moro na Lava Jato. Os relatos foram arquivados em 2018.
Verri e Pimenta querem o desarquivamento da representação encaminhada à PGR com base em denúncias de Duran, que atuou como operador da Odebrecht e denunciou, em 2017, a atuação suspeita de Zucolotto, suspeito de atuar de maneira ilegal junto à Lava Jato, negociando facilidades, como redução de penas e multas, em acordos de delação premiada na Lava Jato. Os deputados lembram que, segundo Tacla Duran, Zucolloto mantinha relação próxima e suspeita com integrantes da força-tarefa da Lava Jato. Há fortes indícios de ilegalidades cometidas em acordos de delação firmados no âmbito da Lava Jato, além de suspeitas de fraude nas planilhas apresentadas pela Odebrecht. Todos esses pontos foram citados por Duran.
Em setembro de 2017, vieram a público as revelações de que Rosângela Moro teria recebido dinheiro do escritório de Duran, apontado como operador de propina da construtora Odebrecht. O nome da mulher do ex-juiz, juntamente com o escritório de Zucolotto, aparece em um relatório da Receita Federal entre os advogados que trabalharam diretamente para o escritório de Tacla Duran. Sob a alegação de que era necessário preservar o sigilo profissional, o escritório de Tacla Duran não informou cifras nem deu detalhes sobre o trabalho realizado por Rosângela Moro e Carlos Zucolotto para justificar os pagamentos.
A informação sobre as relações entre o investigado e o escritório do amigo e da mulher de Moro foi ocultada do processo envolvendo Tacla Duran. Caso constasse, configuraria conflito de interesse, e Moro seria impedido de julgar o operador da Odebrecht. Por possuir dupla cidadania, Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa, vive hoje na Espanha. Ele acusa Zucolotto de ter pedido R$ 5 milhões para “aliviar” pedido de condenação e multa. Ainda em 2017, a revista Veja revelou que o escritório de Zucolotto, que tinha como sócia Rosângela, era correspondente, em Curitiba, do escritório do advogado espanhol.
Conduta suspeita de Moro
As suspeitas contra Sérgio Moro, cuja conduta irregular já havia sido denunciada pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal, em 2018, poderão ser confirmadas no exame do habeas corpus impetrado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Waleska Teixeira Zanin Martins. O caso deve ser retomado pela 2ª Turma do STF depois do recesso judiciário. No recurso, Zanin aponta a atuação suspeita de Moro, reforçada após o ex-juiz federal, responsável pela condenação de Lula sem provas, aceitar o cargo de ministro da Justiça no governo Bolsonaro, logo depois do primeiro turno das eleições presidenciais, há dois.
No início de julho, o PT anunciou uma representação na PGR com pedidos de investigação contra o coordenador da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, e o grupo de procuradores que atua na força-tarefa da chamada “República de Curitiba”. No documento, o partido denuncia o acordo ilegal de cooperação firmado entre a Lava Jato e o FBI, revelada em reportagens da Agência Pública, em parceria com o The Intercept.
Dentre as muitas ilegalidades cometidas pela Lava Jato – reveladas e confirmadas no ano passado pela Vaza Jato – há a comprovação de que a PGR atuou à margem da lei, desrespeitando a autoridade central do Ministério da Justiça, deflagrando uma perseguição penal criminosa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os advogados Eugênio Aragão e Ângelo Ferraro acusam Dallagnol pelos crimes de prevaricação, abuso de autoridade e condescendência criminosa. Também foi apresentada ação civil em primeira instância e representação pedindo instauração de processo ético e disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Da Redação