Partido dos Trabalhadores

PT quer investigar gastos secretos do governo com cartão

Gleisi e os líderes Rogério Carvalho e José Guimarães cobram informações do GSI e Abin sobre despesas de Bolsonaro, que dobraram nos últimos meses.  Palácio do Planalto mantém vergonhoso sigilo e presidente reclama da imprensa

Gustavo Bezerra

José Guimarães cobra do presidente da República explicações sobre gastos excessivos do governo com cartão de crédito corporativo

As denúncias de aumento excessivo de gastos secretos do governo feitos com cartão de crédito corporativo, conforme apontam reportagens publicadas pela ‘Folha de S.Paulo’ e ‘O Estado de S.Paulo’, levaram os líderes do PT no Congresso a anunciar pedido de informações ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para que levantem o sigilo. De acordo com os jornais, a fatura dos quatro primeiros meses chegou a R$ 3,76 milhões, o dobro da média do que foi pago no mesmo período nos últimos cinco anos.

“No que Bolsonaro gastou quase R$ 1 milhão por mês neste ano com seu cartão corporativo? Para quê tanto dinheiro? E se juntar GSI e ABIN foram R$ 7,5 milhões em despesas sigilosas. Nenhum outro presidente chegou perto disso”, questiona a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “E olha que ele se dizia contra o uso do cartão. Explique-se, Bolsonaro”.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também criticou os gastos excessivos feitos de maneira secreta pelo Palácio do Planalto. “A eleição do Bolsonaro foi um estelionato contra o Brasil. Agora, o estelionato dele continua escancarado com o dinheiro do povo que padece com a falta de comida na mesa em meio a uma pandemia”, condenou.

“Bolsonaro gastou o dobro da média dos últimos 5 anos pelos outros ex-presidentes. Questionado, disse que é ‘falta de caráter dessa imprensa’. Até quando o presidente vai jogar para outros uma culpa que é dele?”, cobrou o líder da minoria no Congresso, deputado José Guimarães (PT-CE). “Mostra a fatura, Bolsonaro”.

Ataque

Em entrevista nesta segunda-feira, Bolsonaro reagiu à denúncia e chamou a imprensa de não ter caráter. “O que eu posso falar da China é que ontem a imprensa, como sempre, dá licença aí, a imprensa como sempre criticando o cartão corporativo”, afirmou o presidente, em frente ao Palácio da Alvorada. “Parte da operação da China, três avião (sic) da FAB, por ser avião militar, foi financiado com cartão corporativo meu. Apareceu eu (sic) usando o cartão para fazer festa. Falta de caráter e de responsabilidade dessa imprensa aí”, disse.

A Secretaria Geral da Presidência da República, responsável pela gestão dos cartões corporativos, informou que a maior parte das despesas está relacionada às viagens presidenciais. Bolsonaro esteve na Índia em janeiro, participou da posse do presidente do Uruguai, no início de março e, no mesmo mês, viajou com uma comitiva de 31 pessoas aos Estados Unidos. O Planalto informou que o GSI classificou os gastos com a operação na China como de acesso restrito, motivo pelo qual eles foram mantidos em sigilo.