No último dia 17 de abril completaram-se 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, um episódio de brutalidade e violência que tirou a vida de 21 trabalhadores camponeses que lutavam pelo direito à terra no estado do Pará.
Desde então, o mês de abril se transformou numa data referência para a luta pela reforma agrária no Brasil, assim como num marco institucional de cobrança de políticas agrárias no país, sobretudo no plano federal.
Após o golpe de Estado contra a presidenta Dilma, em 2016, temos vivido inúmeros retrocessos na qualidade de vida e nos direitos no campo. E após 2018, esse processo vem sendo ainda mais acentuado.
O que temos visto nos últimos dois anos é o total desmonte das políticas agrárias, não apenas nas desapropriações, como nas políticas de assistência técnica, educação e nas políticas voltadas para a agricultura familiar de uma maneira geral.
Além da destruição das políticas públicas voltados ao campo, o governo Bolsonaro tem se dedicado de forma permanente a criminalização dos movimentos sociais. Neste mês, o governo retomou a ofensiva iniciada nas áreas de assentamento e acampamentos do MST nos municípios do Prado e Mucuri no extremo sul da Bahia, iniciada em setembro do ano passado.
Ainda em setembro do ano passado, o governo federal chegou a enviar uma operação da Força Nacional para intervir em três assentamentos no sul da Bahia de maneira ilegal e sem o devido tratamento institucional com o próprio governo do estado. Logo depois, o Supremo Tribunal Federal expediu uma decisão caracterizando a operação como inconstitucional e ordenando a retirada da Força Nacional do local.
Desta vez, na véspera de 17 de abril, o alvo foi o acampamento Fábio Henrique, também no município do Prado. Novamente usando o mesmo método de cooptação de assentados, dividir internamente e repercussão de notícias falsas através das redes bolsonaristas, para tentar em seguida justificar repressão das forças de segurança.
Trata-se de mais uma tentativa explícita de perseguição a movimentos e organizações populares que fazem oposição ao governo.
Diferente do governo genocida, o MST é um dos movimentos que mais tem dedicado sua atuação política a encontrar formas de ajudar famílias vulneráveis neste contexto trágico de pandemia e crescimento desordenado do desemprego e da miséria no Brasil.
O PT repudia veementemente toda e qualquer ofensiva do governo Bolsonaro e de seus aliados que tenha por objetivo desestabilizar áreas autônomas dos movimentos, perseguindo suas lideranças e instituindo rituais de exceção para se criminalizar as organizações populares no Brasil.
Não daremos nenhum passo atrás no combate ao governo genocida do Brasil, responsável por quase 400 mil mortes na pandemia, e por quase 20 milhões de pessoas em situação de fome neste momento no Brasil.
Expressamos aqui toda nossa solidariedade ao MST e todos aqueles e aquelas que lutam por justiça social no campo e na cidade.
Vera Lúcia Barbosa
Secretária Nacional de Movimentos Populares do PT