Partido dos Trabalhadores

PT sugere e relator admite reverter corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família

Deputado petista aceita propor meta de superávit no Orçamento que permita manutenção dos recursos que beneficiam 36 milhões de pessoas

No mesmo dia em que relatório do órgão da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) exaltou o impacto do programa Bolsa Família no crescimento no índice de qualidade de vida (IDH) dos brasileiros, o Partido dos Trabalhadores (PT) sugeriu, e o relator do projeto do orçamento, deputados Ricardo Barros (PP-PR), acatou: é possível reverter o corte de R$ 10 bilhões que ele tinha previsto nas verbas do programa no projeto do orçamento.

A sugestão de suspender o corte partiu do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do partido na Comissão do Orçamento. A “Agência Câmara” informou que até mesmo o PSDB se posicionou contra a redução de recursos do programa que atende, neste mês de dezembro, segundo balanço do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a quase 14 milhões de famílias.

O governo estimou, no projeto de lei de diretrizes orçamentárias relativo ao ano que vem encaminhado ao Legislativo, despesas de R$ 28,8 bilhões com o BF. Caso aplicado, o corte proposto por Barros reduziria os recursos a menos de R$ 19 bilhões e excluiria quase 11 milhões de crianças com até 18 anos, indicaram avaliações do MDS.

É um “retrocesso social no País”, definiu o MDS, ao estimar em 23 milhões o número total de pessoas que teriam perdas caso o corte proposto por Barros fosse confirmado. Ou seja, de uma penada só, cerca de 11,3% da população brasileira teriam sua renda comprometida.

Certamente que essa dimensão de vítimas logo estaria retratada nas avaliações estatísticas do Pnud sobre qualidade de vida e pobreza no Brasil – daí, o motivo do governo falar em “retrocesso”.

Em outubro, a presidenta Dilma alertou, ao comentar a proposta de corte: “É o maior programa de inclusão social do mundo. Destinado aos mais vulneráveis, mantém 36 milhões de pessoas fora da extrema pobreza”. Para ela, o corte seria um “atentado” contra essa imensa população.

Superávit – Em nota da Agência Câmara, Barros afirmou ser “possível reverter o corte”, desde que o governo cumpra a meta de superávit de R$ 34,4 bilhões que propôs para a União no projeto. O relator classificou os cortes como severos, mas disse serem necessários para mostrar o esforço brasileiro em recuperar a confiança internacional.

Para Pimenta, entre superávit e o programa, é mais importante preservar o investimento social do governo, tanto no BF quanto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“As agências de rating (classificação de risco), quando rebaixaram a nota do Brasil, disseram que estavam fazendo isso por causa do baixo crescimento, e não pela falta de superávit. Por isso, devemos preservar esses programas”, avaliou.

“Pimenta ressaltou que a posição do governo na comissão é contrária ao corte do Bolsa Família. Ele tem um aliado inesperado nessa votação: o líder do PSDB na comissão, deputado Domingos Sávio (MG), disse que seu partido é contrário ao corte”, relatou a nota.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias