O novo atentado contra o STF esta semana confirma dramaticamente os riscos que a extrema direita, seus métodos violentos e seu discurso de ódio e mentiras configuram, em escala crescente, para a democracia e o país. Não se trata de fato isolado, como pretendem falsear os chefes políticos e ideológicos dos extremistas. O novo episódio de terror encadeia-se na espiral de violência que eles incitam de forma coordenada e sistemática.
Quando um terrorista plantou uma bomba num caminhão de combustíveis para explodir o aeroporto de Brasília às vésperas do Natal de 2022, também disseram que se tratava da ação de um lobo solitário. Mas ficou provado no inquérito que o horror foi planejado e preparado no acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército.
É pela intimidação e pela força bruta que a extrema direita interfere na vida política do país. Isso já estava claro na primeira campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, defensor da ditadura, da tortura e dos torturadores, que usava os dedos em forma de arma como símbolo e encenava metralhar petistas nos palanques.
Bolsonaro foi forjado na escola do general Silvio Frota, que tentou dar um golpe contra o próprio regime militar. E quando a ditadura perdia terreno para o movimento de redemocratização do país, essa turma incendiou bancas de jornais, sequestrou o bispo de Nova Iguaçu, lançou a bomba contra a OAB que a matou dona Lyda e fez o atentado do Rio Centro que poderia ter matado centenas de jovens.
É assim que eles agem; ontem, hoje, sempre que não são contidos. Derrotados nas urnas, estão trazendo o terrorismo de volta à política e à vida do Brasil.
Foi com esse histórico violento e golpista que Bolsonaro ameaçou o STF, no 7 de Setembro de 2021, a Justiça Eleitoral e o Congresso, convocando um desfile de tanques no dia em que foi derrotada sua proposta de acabar coma urna eletrônica. Conspirou com militares para dar um golpe que previa o sequestro do presidente eleito e do presidente do STF.
Desse intento golpista vieram os bloqueios de rodovias, os acampamentos nas portas dos quartéis, os incêndios de ônibus e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula e a bomba plantada no aeroporto de Brasília, culminando na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de Janeiro de 2023.
Processar e punir pedagogicamente os articuladores, mandantes e financiadores do 8 de janeiro é imprescindível para conter a ousadia da extrema direita e impedir novos episódios e até mesmo uma escalada de terror e violência. Porque os foragidos da Justiça e os ainda impunes seguem ativos no Parlamento, na mídia e nas redes sociais, desafiando as instituições democráticas, corrompendo a verdade e ameaçando a paz.
Com inacreditável desfaçatez, condenam agora um atentado contra o alvo que eles mesmos apontaram. Ainda mais ousados, defendem uma incabível anistia para os golpistas condenados e um perdão antecipado para seu chefe, quando se aproxima o momento de prestar contas à Justiça por seus crimes.
Todos os países que se deixaram levar pelas mentiras da extrema direita, todas as democracias que se intimidaram diante de sua violência, sucumbiram a regimes de terror e iniquidade, como aconteceu no Brasil, em um tempo que Bolsonaro e seus cúmplices cultuam e querem trazer de volta.
O PT denuncia firmemente todas as tentativas de acobertar os responsáveis pela violência política e desviar o curso das investigações. Denuncia a hipocrisia dos que agora se apresentam como democratas, tendo sido cúmplices do desgoverno de Jair Bolsonaro.
Nosso caminho é o da transformação do país, com democracia, justiça social, soberania e dignidade.
Processo e punição para todos os golpistas, a começar pelos chefes, com os rigores que a lei e o estado direito reservam para esses criminosos. Sem anistia!
Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores
Brasília, 15 de novembro de 2024