A alta nos preços da cesta básica no Brasil, com destaque para o arroz, vem acompanhada de um cenário de aumento do desemprego, elevado índice de pobreza e milhões de brasileiros encarando a fome. Não bastasse essa preocupante situação, a desinformação se espalha e o governo não identifica os verdadeiros problemas que levaram a isso.
Nas redes, circulam mensagens dizendo que os governos petistas quebraram os agricultores ou que a doação humanitária de feijão para Cuba lá em 2015 tem a ver com o problema atual. São mentiras, ditas sem dados que a sustentem. O vice-presidente Mourão ainda afirmou que o fundamental auxílio emergencial é quem fez os preços subirem.
Adotadas mundo afora, as medidas de isolamento social – recomendadas pelas maiores autoridades mundiais na saúde para conter o novo coronavírus – são apontadas por Bolsonaro como causadora da alta nos preços. A ausência de políticas públicas que protejam a saúde e a renda das pessoas e a economia brasileira é, no entanto, deixada de lado por ele.
A verdade é que uma série de fatores levam a esse aumento nos preços. Questões climáticas afetam a produção, assim como o período de entressafra. Os estoques de alimentos estão baixos no Brasil e há alguns anos foi preciso, inclusive, importar. O dólar alto (que neste governo chegou ao mais alto valor, sem considerar a inflação, desde a criação do Plano Real) faz com que os produtores prefiram vender para fora do país. Acaba faltando arroz e feijão na mesa do brasileiro.
Haveria uma saída, que foi adotada nos governos Lula e Dilma. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pode comprar os produtos no período de safra e vender depois, para conter a alta dos preços. Mas o desmonte de políticas públicas por Temer e Bolsonaro fez com que a Conab fosse desmantelada, com os estoques reduzidos a quase zero. Bolsonaro fechou 27 dos 92 armazéns da Conab. São eles que protegem quem bota alimento na nossa mesa e nos dá a segurança de não pagar preços absurdos.
Os pequenos agricultores também foram abandonados nessa gestão e especialmente prejudicados pela pandemia, com dificuldades de produção e escoamento. Os recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos são executados lentamente, tirando mais uma proteção dos produtores. Bolsonaro também vetou o auxílio emergencial para agricultores familiares. Ao priorizar as exportações e desincentivar a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos produzidos no Brasil, o governo cria condições para esse cenário devastador.
Sem se basear em evidências e espalhando desinformação, o governo Bolsonaro deixa o arroz com feijão cada vez mais longe das famílias brasileiras.
Verdade na Rede