Pelo segundo ano consecutivo o governador paulista, Tarcísio de Freitas, por meio da ARSESP (Agencia Reguladora de Serviços Públicos do Estado de SP) autoriza reajuste na tarifa de água e esgoto bem acima da inflação. Em 2023, o aumento foi de 9,6%, diante de um IPCA de 4,5%. Agora, índice é de 6,4% para uma projeção inflacionária de 3,7%, em 2024.
Com isso, a partir de 10 de maio próximo, quando será publicado o decreto de reajuste, a tarifa básica mensal passa dos atuais R$ 71,7 para R$ 76,68, o que atinge grande parte dos 28 milhões de usuários dos serviços da Sabesp, em 376 municípios paulistas. Por outro lado, a medida foi motivo de comemoração para acionistas da empresa que, em 2022, registou lucro de R$ 3,1 bilhões.
Os reajustes com índices bem acima da inflação acontecem justamente no decorrer do processo de privatização da empresa. O governador Tarcísio de Freitas deu a largada em 2023, com aprovação da lei, na Assembleia Legislativa, que permite privatizar a Sabesp. Este ano, com a colaboração e apoio do prefeito paulistano, Ricardo Nunes, busca voto favorável dos vereadores, na Câmara Municipal de SP.
José Fagian, presidente do Sindicato dos trabalhadores da categoria, afirma que o reajuste acima da inflação “faz a festa dos acionistas da Sabesp e do chamado mercado”. Contrário à privatização, ele observa o risco efetivo de aumento de tarifas ainda maiores se a empresa for privatizada. E uma das razões, segundo o sindicalista, é a criação de uma “agencia reguladora externa”, proposta em edital, ou seja, fora do controle do Estado.
Fagian destaca, ainda, a criação de um fundo para amortizar os impactos nas tarifas, previsto no modelo de privatização. Por esta modelagem o governador afirmava que a venda da Sabesp faria reduzir a conta de água. Mas logo após o projeto ser aprovado na Alesp, mudou o discurso, passou a dizer que as tarifas “vão subir menos com a privatização”. O sindicalista da Sabesp observa, no entanto que, se a tarifa for reduzida em 10%, esse fundo acaba em 18 meses.