O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) afirmou nesta sexta-feira (4) que a suspensão da chamada “reorganização” da rede de ensino público do estado de São Paulo, anunciada hoje pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), é uma vitória parcial da mobilização realizada nas últimas semanas por estudantes, servidores e professores. Segundo declaração do governador tucano o estado não vai mais fechar escolas em 2016 – segundo previa o plano de “reorganização”-, e sim aprofundar o dialogo com pais e alunos.
A ação previa o fechamento de dezenas de escolas e, segundo avaliações preliminares, poderia afetar mais de 300 mil alunos. Como forma de evitar esse resultado, desde o inicio de novembro várias escolas começaram a ser ocupadas por eles em todo o estado. Atualmente, segundo o sindicato dos professores (Apeoesp), 205 se encontram nessa situação. A Secretaria de Educação afirma que são 196.
O recuo no fechamento de escolas representa uma reviravolta na forma de atuação do governo do estado, que nos últimos dias chegou a reprimir com truculência manifestações de rua realizadas por estudantes. Nesta semana, a polícia militar utilizou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo contra alunos que marchavam pela Rua da Consolação. Relatos na imprensa e nas redes sociais apontam a detenção de 33 estudantes nas últimas manifestações.
“O governador Geraldo Alckmin foi obrigado a recuar por conta da pressão exercida por estudantes que ocupam dezenas de escolas em todo o estado e pelas manifestações de rua que começaram a ocorrer. Mas a suspensão das mudanças ainda não significa a vitória final, porque sabemos a forma autoritária e ditatorial que o governo tucano de São Paulo adota para implementar medidas que julga necessárias”, alertou Prascidelli.
A desconfiança em relação a suspensão do plano de “reorganização” é compartilhada por lideranças estudantis do estado. A presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Angela Meyer, por exemplo, disse que as ocupações de escolas não serão encerradas enquanto não houver segurança em relação ao cumprimento da promessa.
“A gente precisa ter mais fundamento, inclusive ele (o governador) precisa publicar um decreto suspendendo a medida”, destacou.
Uma das primeiras consequências do anúncio da suspensão da “reorganização” escolar na rede oficial de ensino foi o pedido de demissão do secretário de Educação do estado, Herman Voorwald, aceito pelo governador tucano Geraldo Alckmin.
Ministério Público – Além das ocupações e dos protestos de rua, a ação de “reorganização” também enfrenta questionamentos na justiça. Na última quinta-feira (3), o Ministério Publico Estadual e a Defensoria Pública pediram a suspensão do plano do governo estadual.
Por Héber Carvalho, do PT na Câmara