Parlamentares do Núcleo Agrário do PT e representantes de movimentos sociais afirmaram nesta terça-feira (26) que a proposta de Reforma da Previdência de Bolsonaro é uma tragédia social e econômica para o campo. Durante reunião na Câmara foi observado que ao dificultar o acesso à aposentadoria para trabalhadores rurais e agricultores familiares, o governo Bolsonaro também comprometerá a economia dos pequenos municípios do interior do País.
O coordenador do Núcleo Agrário, deputado Nilto Tatto (SP), criticou o aumento da idade mínima para a obtenção da aposentadoria, principalmente para a mulher do campo. Ele explicou ainda que a exigência de 20 anos de contribuição ao INSS é outro absurdo que, na prática, vai impedir o acesso dos camponeses à aposentadoria.
“Quem conhece a realidade do meio rural sabe que o camponês ou quem tem pequena propriedade nem todo ano consegue fazer a contribuição pela realidade do campo, por fatores que influenciam na renda, como seca, enchente ou até mesmo quando tem colheita e não se consegue vender. E os trabalhadores rurais, em sua grande maioria vive de trabalhos eventuais, e têm grande dificuldade de comprovar o recolhimento”, explicou.
Já o representante da coordenação nacional do MST Alexandre Conceição destacou que o ataque à aposentadoria dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais, além de causar danos sociais, também deve afetar os municípios do interior do País.
“A Reforma da Previdência vem precarizar ainda mais o trabalho rural, e é uma reforma machista porque prejudica mais as mulheres que têm jornada dupla. Essa reforma vem beneficiar os ricos, privatizando a nossa Previdência, e vai prejudicar os pobres. Os municípios do interior vão quebrar, porque a base para o sustento deles vem da aposentadoria rural, que faz girar a economia do município. Essa reforma será uma paulada dos munícipios pobres do interior”, ressaltou Conceição.
Resistência
Como tática para enfrentar a Reforma da Previdência de Bolsonaro, Nilto Tatto sugeriu que será necessário conscientizar a sociedade e buscar apoio dos prefeitos do interior do País.
“Temos a necessidade de esclarecer os trabalhadores rurais e as prefeituras, porque ao diminuir recursos para a aposentadoria no campo também se reduz os recursos para os municípios. Isso aumentará a demanda de serviços públicos para os prefeitos. Portanto, é preciso mobilização dos trabalhadores do campo e dos prefeitos para combater essa reforma”, observou Tatto.
Além do MST, também participaram da reunião representantes da Contag e do extinto Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Ainda participaram da reunião do Núcleo Agrário os deputados petistas Airton Faleiro (PA), Beto Faro (PA), Célio Moura (TO), João Daniel (SE), Marcon (RS), Padre João (MG), Valmir Assunção (BA) e Zé Neto (BA).