O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), em discurso na tribuna da Câmara, criticou a decisão tomada pelo recém-eleito Jair Bolsonaro, juntamente com sua equipe de assessores, de apressar a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma proposta de Reforma da Previdência, que tem o objetivo de impedir que o povo brasileiro se aposente. “É isso o que esse novo governo apresenta”, afirmou.
O petista lembrou que o ministro da Fazenda do futuro governo, Paulo Guedes, já manifestou seu desejo de substituir a previdência por um regime de capitalização. “Ora, esse regime no Chile deixou milhões de chilenos fora da aposentadoria, sem poder se aposentar. Hoje, no Chile há um problema gravíssimo. Há pessoas com 65, 70 ou 80 anos que não têm um centavo de aposentadoria. É isso o que nós queremos para o Brasil? Tenho certeza que não”, garantiu.
Diante desse risco, Zarattini reafirmou sua postura de resistência no Parlamento para evitar essa reforma e disse que qualquer tipo de mudança no sistema precisa visar soluções que garantam os direitos do povo brasileiro. Também reforçou que o País precisa de um programa de geração de emprego, e não de uma carteira verde e amarela, como sugere o futuro presidente, mas com trabalhadores sem direitos.
“Isso não é possível num país tão desigual como o Brasil, num país onde temos uma disparidade de renda gigante, onde os pobres estão completamente excluídos do mercado de trabalho e da renda nacional, e os ricos detêm mais de 50% da renda nacional – apenas 1% da população. Por isso, a nossa luta vai continuar sendo pela justiça social neste País”, reiterou.
Para evitar qualquer retirada de direito, Zarattini disse que fará oposição firme: “vamos lutar contra isso. Vamos lutar em defesa do Brasil. Vamos lutar em defesa do povo brasileiro. Não vamos usar camisa da seleção, porque nós, sim, somos verde e amarelo”.
Mulheres – O petista lembrou que recentemente o Parlamento debateu à exaustão uma proposta de Reforma da Previdência e que o povo brasileiro entendeu claramente se tratar de uma retirada de direitos que atingia, especialmente, as mulheres. Segundo explicou, elas serão as mais prejudicadas, caso seja aprovada uma reforma. “Porque uma boa parte das mulheres trabalha em casa, não contribui com a Previdência Social e não tem as condições de garantir a sua aposentadoria”, explicou.
Ressaltou ainda o prejuízo que será causado a outra grande parte de mulheres que trabalha como doméstica, cerca de 6 milhões. “E, apesar de nós termos aprovado aqui a lei das empregadas domésticas, contra a qual o Bolsonaro votou contra, elas ainda não têm registro em carteira. Aprovar uma Reforma da Previdência é exatamente impedir que o povo brasileiro se aposente. É isso o que esse novo governo apresenta”.
Por PT na Câmara