O ministro da Defesa, Jaques Wagner, reforçou, em entrevista ao site “Brasil 247” publicada neste domingo (15), a necessidade do fim do financiamento privado para as campanhas eleitorais como uma das formas de combater a corrupção.
Ele também convocou a sociedade a unir a energia das ruas para enfrentar, de forma objetiva, problemas como a corrupção e déficit de representatividade. Para ele, a resposta deve ser a aprovação rápida da reforma política.
“A sociedade precisa entender a íntima relação que existe entre a corrupção e este sistema, especialmente entre a corrupção e o financiamento privado de campanhas, que está na origem de praticamente todos os escândalos das últimas décadas”, afirmou.
Segundo ele, três pontos cruciais devem ser aprovados em uma reforma mínima e certeira: acabar com o comércio do tempo de televisão, acabar com a coligação na eleição proporcional e com o financiamento privado de campanhas, adotando o financiamento público.
“A coligação de partidos na eleição só existe no Brasil e a consequência é a baixa representatividade dos candidatos eleitos. Com esta regra, basta a um partido ingressar numa coalizão com um outro maior para eleger representantes. O resultado são partidos sem lastro na sociedade e a eleição de parlamentares que, fora da coligação ou sem a ajuda das sobras de um grande puxador de votos, jamais conquistariam um mandato”, explicou.
De acordo com o ministro, o ponto mais importante, responsável por boa parte da corrupção no País, é o financiamento privado de campanhas. “A sociedade entenderá que buscando o financiamento público o Estado não estará gastando mais com a política, mas economizando recursos que sairiam da corrupção decorrente das relações promíscuas entre agentes políticos e financiadores privados”.
Para Jaques Wagner, o financiamento público fechará a porta da corrupção e poupará a democracia brasileira de ser frequentemente açoitada por escândalos.
“Os empresários apostam em ter boas relações com todas as forças políticas que estarão no governo federal, governos estaduais ou no Congresso. Aqui, eles não vestem nenhuma camisa, tratam de estar bem com todos. Com o financiamento público de campanhas, este relacionamento íntimo entre os doadores e os partidos acaba”, afirmou.
O ministro lembrou a proposta contemplada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que deve ser votada e mantém o financiamento privado, embora com limites para doações e regras para as doações de pessoas físicas.
“O presidente da Câmara tem autoridade para comandar o processo legislativo mas este tema será debatido, tanto na sociedade como dentro do Congresso. Como tudo na democracia, terá que ser objeto de um acordo. Este pacto, que é urgente, deve perseguir o maior avanço possível no financiamento de campanhas. Para mim, seria com a aprovação do financiamento exclusivamente público. Vamos ver. O importante é acelerarmos o processo”.
Impeachment – Para o ministro, todos podem manifestar, mas a legitimidade das manifestações não é maior do que a dos que foram eleitos, seja para vereador, deputado, governador, senador e presidente da República.
“Na classe política, todos sabem que não existem condições jurídicas para um pedido de impeachment, que seria naturalmente arquivado. O ministro do STF Gilmar Mendes, acaba de dizer que não existem bases para um impeachment. Insistir nisso seria apostar numa ruptura que, tenho certeza, o Brasil democrático não aceitaria”, explica.
Além disso, o ministro reconheceu que a insatisfação do povo não foi só com a corrupção e com os políticos, mas também com as medidas do ajuste fiscal. De acordo com Wagner, talvez o governo não tenha conseguido explicar esses ajustes.
“Ele não é um fim, mas um meio para continuarmos mantendo e ampliando as conquistas destes 12 anos de governos com foco no social, no combate à pobreza e à desigualdade, no crescimento da economia e no fortalecimento internacional do Brasil”, explicou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil 247