Luiz Inácio Lula da Silva passou o aniversário preso injustamente em Curitiba. Não houvesse o golpe contra a democracia brasileira, certamente estaria na Presidência da República, comemorando- e governando o país- junto com seu povo.
Engana-se quem pensa que ele ficou sozinho. Curitiba recebeu gente de todo o Brasil que veio apenas para cantar parabéns; um singelo e lindo ato de solidariedade e respeito. Nas ruas do país, atos e festivais de música fizeram ecoar o grito por justiça que não sai das nossas gargantas. Nas redes, as mensagens de carinho e de gratidão ocuparam os assuntos mais comentados. Artistas como Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Chico Buarque, lideranças políticas como Pepe Mujica e intelectuais como o norte-americano Noam Chomsky também se manifestaram.
Lula, inclusive, foi vitorioso ontem. A Argentina deu um basta ao ultraliberalismo de Macri e elegeu Alberto Fernández, que no discurso da vitória saudou o aniversário de Lula e pediu Lula Libre, no que foi acompanhado pela multidão eufórica. Enquanto a Globo News noticiava ao vivo a vitória da esquerda, militantes hermanos -conscientes e bem humorados- não perderam a oportunidade; mais Lula Libre!
É óbvio que não se trata apenas de mera cortesia do novo presidente argentino. É o reconhecimento do tamanho de sua figura histórica, de sua liderança e de sua importância para o continente; pelo que já fez por ele e pelo que ainda pode fazer.
Liderança reconhecida mundialmente, Lula guarda suas raízes no mais profundo Brasil. Quantos e quantas saíram do Nordeste como fez Lula; em um pau de arara em busca de uma vida melhor, em busca da própria sobrevivência? E dentre todos os afagos possíveis, é o reconhecimento desse Brasil profundo o maior abraço que ele pode receber.
O Lula que hoje usa terno em todas as suas entrevistas já usou macacão e teve vez que nem tinha o que vestir. O homem que perdeu um dedo trabalhando, perdeu a primeira esposa grávida do primeiro filho, perdeu a mãe, um neto e um irmão estando preso e que perdeu a sua grande companheira de vida vitimada pela perseguição da Lava Jato, encontra motivos para não tirar o sorriso do rosto e a esperança da alma. Lula é um brasileiro que não desiste, que teima, como dizia a sua mãe.
Nem o mais ácido crítico poderá negar que a vida de Lula foi perseverança e superação. Por mais que a desonestidade intelectual impere em tempos atuais, ela não passará para a história; Lula teve todo o seu caminho político marcado pela democracia. Construiu- e segue construindo- um partido forte. Perdeu e ganhou eleições sem nunca apelar ao golpismo barato.
Foi quem mais governou democraticamente, quem mais garantiu direitos que estão na Constituição e um salário mínimo digno, acima da inflação. Não fosse Lula, milhões não teriam tido oportunidades de estudo, de emprego, ou até mesmo de se alimentar três vezes por dia.
A mais importante liderança contra a fome no mundo é brasileira e está presa injustamente. Toda a solidariedade que recebe, infelizmente, não reparará os danos causados ao país, e ao nosso continente. A prisão de Lula não cabe em uma democracia, não cabe no século XXI e precisa ser revista. Lutar pela liberdade do maior presidente da nossa história é o maior presente que podemos dar a Luiz Inácio Lula da Silva.
Reginaldo Lopes é deputado federal (PT-MG)