Partido dos Trabalhadores

Relator acertou indicação com Temer antes de propor salvar Cunha

Deputado federal Ronaldo Fonseca (PROS-DF) apresentou relatório recomendando que uma nova votação seja feita, atrasando a chegada do caso ao plenário

Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara

Relator do recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) acertou com o presidente golpista, Michel Temer, a indicação para a direção-geral do Arquivo Nacional de José Ricardo Marques antes de propor que seja feita uma nova votação, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, do processo que decidiu pela cassação do mandato de Cunha.

A informação foi publicada nesta quarta-feira (6) pelo jornal “Folha de S.Paulo”, mesma data da apresentação do relatório favorável a Cunha.

Fonseca é aliado de Cunha e argumentou que o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), autor do relatório que pediu a cassação de Cunha por ter mentido sobre as contas na Suíça, não poderia ter relatado o caso por ser de um partido que integra o mesmo bloco que o PMDB. Para Fonseca, Cunha também deveria ser ouvido antes da votação no Conselho de Ética.

Líder da Minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) critica também as manobras do presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), para atrasar a votação do processo no plenário e avalia que há um “conluio” para aprofundar a corrupção no Brasil.

“Os corruptos que estão no governo, articulados aqui dentro [do Congresso Nacional] tentam manobrar para que o combate à corrupção não ande e que Eduardo Cunha tenha protelado o seu processo de cassação”, afirmou a deputada.

“Esse golpe nada tem de ético. Tem cara, jeito e agenda. E sabemos que a agenda de retirada de direitos e desnacionalização da nossa economia é a agenda que eles querem acelerar. Vender o pré-sal, votar a PEC do teto para inviabilizar as políticas públicas e de trabalho e Previdência, e ao mesmo tempo manter os corruptos mandando neste país”, completou Jandira Feghali.

Integrante da CCJ e também do Conselho de Ética, o deputado federal Valmir Prascidelli (PT-SP) reforçou as muitas manobras de Cunha no processo contra ele no Conselho de Ética e disse que a Câmara deve satisfação à população brasileira.

“A votação [contra Cunha] respeitou os princípios da transparência e da democracia”, disse Prascidelli. “A verdade é que Cunha e seus aliados tentam protelar, ganhar tempo para que a votação em Plenário, que pode decidir pela cassação de Cunha, fique para depois do recesso parlamentar.”

“Não aceitaremos mais protelações, pois queremos e devemos respostas ao povo brasileiro”, afirma o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP).

Deputado Valmir Prascidelli, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Foto: Gilmar Felix/ Câmara dos Deputados

A deputada Érika Kokay (PT-DF) nomeou outros integrantes da chamada “tropa de choque de Cunha”, parlamentares que atuam para evitar a cassação do presidente da Câmara supenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“É deplorável o papel que alguns parlamentares da Bancada Federal do DF cumprem para salvar Cunha. Rogério Rosso, Laerte Bessa, Alberto Fraga, Ronaldo Fonseca”, disse Érika Kokay, no Twitter.

Também no Twitter, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) perguntou para o país se Cunha sempre se livrará, relembrando seu histórico de acusações que data do início da década de 1990.

E foi acompanhada do senador Roberto Requião (PMDB-PR).

 

O relatório de Fonseca ainda será votado na CCJ, mas é esperado um pedido de vista que jogará a votação para a próxima semana.

Da Redação, da Agência PT de Notícias