Sábado n(21), feriado de Tiradentes é mais um dia de revezamento nos acampamentos da Vigília Lula Livre em Curitiba. A organização refinada garante que Lula não fique sozinho nem um segundo. Enquanto alguns companheiros partem de volta para casa, de volta aos compromissos de trabalho e da vida, outros tomam seus lugares por alguns dias.
Na manhã de sábado, dez ônibus chegaram à Vigília, a maioria de São Paulo, com militantes dispostos à luta e doações para manter o acampamento.”Só com revezamento a gente vai conseguir resistir”, afirma Débora Pereira, que chegou no ônibus de Santo André (SP).
O revezamento acontece a cada três dias. “Chegamos agora, vamos embora segunda-feira à noite e na terça-feira de manhã chega outra turma”, explica Débora, secretária da Mulher do PT/SP. Segundo ela, o que não falta na macro-região de Osasco é gente disposta a vir a Curitiba apoiar Lula. “Tem lista de espera de pessoas querendo vir para cá”, conta.
A diversidade do apoio a Lula fica evidente nos companheiros que vieram no ônibus com Débora. “Tinha PT, PCO e PCdoB, Central de Movimentos Populares, CUT, sindicatos, MST, MTST”, diz. “A gente precisa de Lula livre andando por esse País”, afirma.
Débora conta que o bagageiro do ônibus veio lotado de doações. “Tem roupas, barracas, comida, até uma TV que doaram”, diz. A presença feminina ressoava forte na manhã de sábado na Vigília, onde as mulheres eram clara maioria na Praça Olga Benário.
“A luta por direitos é a luta das mulheres. A luta pela democracia é a luta das mulheres. Somos as primeiras vítimas da retirada de direitos, a mulher que é mãe, que ganha os menores salários, que é a mão de obra mais barata”, analisa.
Bete Silvério veio de São Paulo de ônibus defender a democracia e a liberdade de Lula. “Esse revezamento tem acontecido constantemente, saem umas pessoas e chegam outras. Vamos resistir até Lula ser solto”, diz. Ela teve ótima impressão na chegada. “O acampamento está muito organizado. A gente se sente em casa, mesmo dormindo em barraca”, afirma.
A caravana da região de Osasco (SP) que chegou hoje é coordenada por Valdir Roque. Ele desembarcou em Curitiba com o coração cheio de amor por Lula. “Viemos para mostrar que somos solidários, que temos aquele afeto, para defender a democracia, para dizer a Lula que estamos com ele, fortalecendo a união das esquerdas”, diz.
Os riscos a conquistas importantes para a sociedade brasileira deve unir a todos nesse momento de injustiça contra Lula, afirma. “Quando estou na periferia vejo a filha da empregada que virou médica, o filho virou advogado, isto está ameaçado”, explica.
Não é só o pessoal de caravanas que vem apoiar Lula. Francisco Costa, médico aposentado, veio do Rio com a esposa. “Viemos participar. É importante que Lula perceba a proximidade da gente, que a gente está junto dele. O astral de cada um de nós pode cair um pouco às vezes, o dele não. Lula livre!”, empolga-se. Eles voltam para casa amanhã. “Mas voltaremos no Primeiro de Maio”, avisa Francisco.
Muitos militantes partiram de Curitiba na noite de sexta-feira. Um deles é Malvina de Lima, militante do PT desde 1979. “Cheguei aqui na quinta-feira. Vou em casa pegar umas coisas, lavar roupas e to voltando na terça-feira”, diz. “Eles vão ter que soltar o Lula para resolver a crise, pois ninguém está comprando nem vendendo nada. Se querem resolver a crise, soltem o Lula”, diz.
Malvina teve uma infecção pulmonar em Curitiba, mas não arredou pé do acampamento e se recuperou com apoio dos companheiros. “Estava dormindo em barraca, chovendo, frio, mas os curitibanos trouxeram muita roupa”, conta.
Malvina dorme com uma foto de Lula junto à cabeça na barraca. “Vou morar perto dele o tempo que for preciso. Acham que estão prejudicando o Lula, mas estão prejudicando a nação”, afirma.
Diva Ambulante, da Central de Movimentos Populares, também voltou para casa na sexta à noite.”Só quero dizer duas coisas: primeira, o povo acordou; segunda, o projeto do PT é verdadeiro, realista, é para sociedade plena de direitos”, dispara. Esse é o segundo período de três dias que ela cumpre na cozinha desde que o acampamento começou.“Fomos bem acolhidos pelo povo curitibano. Doaram muitos alimentos, cobertas, roupas,alguns até cederam a casa para nós”, conta, em meio às panelas na cozinha instalada na garagem de uma casa vizinha à sede da Polícia Federal.
Por Luis Lomba, de Curitiba, para a Agência PT de Notícias