Partido dos Trabalhadores

RJ: Parlamentares acusam Cláudio Castro de massacre e defendem PEC da Segurança

Lindbergh revela que o governador do Rio é contra a PEC da Segurança porque não quer a presença da PF no combate às organizações criminosas

Gustavo Bezerra

Parlamentares criticam chacina no Rio de Janeiro

Em entrevista coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (29), parlamentares do PT, PSOL e PCdoB acusaram o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, de ter promovido um massacre nos complexos do Alemão e da Maré, com a morte já confirmada de pelo menos 130 pessoas, na terça-feira (29).

Durante a entrevista, o líder da Bancada do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), aproveitou para defender a PEC da Segurança (PEC 18/2025), enviada pelo Governo Lula ao Congresso. O petista aproveitou para denunciar o porquê de o governador do RJ ser contra a PEC da Segurança.

“Quero dizer aqui que sei o motivo real de Cláudio Castro ser contra a PEC da Segurança. Essa proposta daria autonomia para a Polícia Federal intervir em crimes praticados por organizações criminosas, inclusive em casos de crimes interestaduais e internacionais, além de desmantelar o esquema criminoso que envolve uma parte significativa da política do Rio de Janeiro. A verdade é que eles não querem a Polícia Federal atuando no Rio de Janeiro”, revelou o líder.

Lindbergh também comentou sobre a ida do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, com representantes da Polícia Federal (PF), ao Rio de Janeiro. “A ação do Governo Federal vai no sentido oposto do que o governador imagina: será uma força-tarefa de inteligência e investigação, não uma operação midiática. Semelhante à Operação Carbono Oculto, que desbaratou todo um esquema criminoso e atingiu pessoas ligadas ao mercado financeiro”.

Chacina continuada

O deputado federal Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara, caracterizou a ação como chacina continuada, por não se tratar da primeira. “Segundo as nossas leituras do governo Cláudio Castro, sabemos que esta é apenas mais uma das muitas que já aconteceram”.

O parlamentar ainda assinalou que “tivemos ontem mais de 150 mortes. Nós queremos repudiar toda e qualquer violência. O governo do Presidente Lula, assim como nós, defensores e defensoras dos direitos humanos, repudiamos as facções criminosas. Lutamos contra o crime organizado, mas também não podemos deixar de denunciar a violência de Estado que recai sobre o povo do Rio de Janeiro”.

Interesse eleitoral

Com conhecimento de quem morou 57 anos na periferia, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) disse que “poderia listar as vezes em que chacinas como essa aconteceram no Rio de Janeiro, sempre próximas das eleições. Uma decisão dessa natureza é claramente política, tomada para causar pavor em toda a comunidade”.

A petista também denunciou a ineficiência do atual governo do Estado que em quatro anos não foi capaz de planejar estratégia e usar inteligência para uma ação mais efetiva. Benedita comparou ao lembrar do tempo que foi governadora do RJ. “Fiquei nove meses como governadora do Estado do Rio de Janeiro. Enfrentei o caso Fernandinho Beira-Mar, conseguimos resolver uma greve da polícia sem disparar um tiro. O governador Cláudio Castro é inconfiável para tratar da questão da segurança”, acusou.

Juventude negra

Em nome da Bancada Negra do Congresso Nacional, a deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) pediu pelo fim do extermínio da juventude negra. “Esta é a maior chacina da história do Brasil, e por isso não podemos naturalizar esse momento. Queremos o povo preto vivo e livre”.

Os parlamentares da bancada do PT em coro com outros da esquerda manifestaram solidariedade à população afetada das comunidades, que conta com postos de saúde e escolas fechadas, corpos estendidos no chão e um gosto amargo diante do caos que a cidade viveu.

Encaminhamentos

O deputado federal Lindbergh Farias, líder da Federação PT, PV e PCdoB informou que ingressará com ação judicial contra o governador Cláudio Castro, citando indícios de envolvimento na Operação Carbono Oculto.

A Comissão de Direitos Humanos, segundo o deputado Reimont, estará em missão oficial ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira (30). O roteiro previsto passa pelo Complexo do Alemão; IML; Reuniões com o Defensor-Geral Público e o Procurador-Geral de Justiça; e encerramento com assembleia pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de movimentos e organismos de direitos humanos.

Em nome da Bancada Negra do Congresso Nacional, a deputada Dandara Tonantzin protocolou representações na PGR e no MPF questionando a legalidade da operação, além de enviar petição à Defensoria Pública das Favelas para apurar violações de direitos humanos. Dandara ainda solicitou à Câmara dos Deputados a criação de comissão externa para acompanhar o caso e cobrou a preservação das imagens das câmeras corporais usadas na operação. Conforme Dandara já está articulada uma reunião emergencial com o Ministério dos Direitos Humanos reunião emergencial, sob coordenação da ministra Macaé Evaristo.

Confira a coletiva na íntegra aqui.

Do site do PT na Câmara