Os deputados Rogerio Correia (PT-MG) e Padre João (PT-MG) cobraram nesta quarta-feira (6/3), durante a realização da sessão solene em Homenagem as 272 vidas perdidas após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), que a empresa Vale e outras associadas a ela envolvidas na tragédia sejam responsabilizadas pelos crimes cometidos que antecederam ao rompimento da barragem. Passados cinco anos da tragédia, ocorrida em 25 de janeiro de 2019, até hoje nenhum responsável pela administração e fiscalização da barragem foi condenado, e os familiares de vítimas fatais sequer foram indenizados.
O deputado Rogério Correia lembrou que todas as CPI’s realizadas para investigar as causas do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, atestaram a negligência da Vale com a segurança da instalação. “A Vale sabia que a barragem estava ‘doente’ e iria se romper e, mesmo assim, optou pelo silêncio e esconder (a informação) dos poderes públicos e das pessoas. Isto foi dito por todas as CPI’s. Aquilo foi um crime hediondo e, por incrível que pareça, ninguém foi punido. Isso é inadmissível”, acusou.
Sepultamento
Para exemplificar o desrespeito da Vale pela vida das pessoas na região, Rogério Correia citou que a mineradora entrou na justiça para impedir o sepultamento de um cacique Merong Kamakã Mongoió, encontrado morto em Brumadinho. A empresa alegou na justiça federal, obtendo uma liminar, que o líder indígena não poderia ser enterrado pelos seus familiares em terras que estão em litígio e que são reivindicadas pela Vale.
“Isso mostra que a Vale acha que manda em tudo, inclusive no poder judiciário brasileiro. E será que manda? Essa é a pergunta que a gente faz. Uma empresa dessa tinha que ser proibida de minerar em Minas Gerais e ser reestatizada, porque ela só sabe ver lucro e dividir esse lucro com acionistas já completamente milionários”, observou o petista.
Lentidão da justiça
O deputado Padre João criticou especialmente a lentidão do Poder Judiciário em julgar os responsáveis pela tragédia. “Este ato aqui é um grito de denúncia. Se por um lado a Vale, que enterrou vivas 272 pessoas, até hoje não foi punida, olhe a contradição, uma vez que consegue que a justiça impeça um cacique de ser sepultado no território onde vivia, em Brumadinho. É muito triste quando, quem deveria promover a justiça, não faz justiça porque está contaminada pelo poder econômico.
Condenação dos responsáveis
Durante a sessão solene, a representante da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pela Tragédia de Brumadinho Andressa Rodrigues pediu a entrada no plenário da Câmara de uma cruz com o nome das 272 vítimas da tragédia. “Essa cruz é em respeito as 272 pessoas que foram assassinadas nessa tragédia”, disse.
A representante da Associação cobrou ainda a condenação dos responsáveis pela barragem de Brumadinho. “Foi um crime premeditado porque a Vale sabia que a barragem poderia se romper. É preciso que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário entendam que multa não segura barragem. É preciso fiscalização eficaz para que pessoas possam ir a seu local de trabalho e voltem para suas famílias. Há cinco anos e um mês eu não sou mais chamada de mãe pelo meu único filho, porque tive esse direito tolhido pela empresa. Essa dor, eu e todos os familiares aqui carregamos no dia a dia”, disse.
A sessão solene contou ainda com discurso de representantes da Defensoria Pública de Minas Gerais, do Conselho Nacional dos Bombeiros Militares e do Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres.
Nomes das vítimas
O ato foi encerrado após a leitura dos nomes das 272 vítimas fatais da tragédia em Brumadinho, e de outras três vítimas cujos corpos até hoje não foram localizados.
Do PT na Câmara