Não são mais apenas os partidos de oposição e as lideranças dos movimentos sociais que exigem a saída do presidente ilegítimo e a convocação de eleições diretas já. Agora, ainda que por razões diferentes das nossas, até setores golpistas, inclusive a direita mais radical, clamam pelo “Fora Temer”.
Tucanos de alta plumagem e integrantes do governo atual, insatisfeitos com o aprofundamento da crise econômica e inconformados com a demora na aplicação de medidas ainda mais duras que as atuais, confabulam na busca de substitutos para o usurpador. E da pior maneira possível: através de eleição indireta, em 2017, no Congresso Nacional.
O fato é que os seguidos episódios de corrupção, os números frustrantes do crescimento do PIB, a crescente reação popular aos abusos e à retirada de direitos – tudo isso vai aumentando a impopularidade do governo e precipitando o que já se configura como uma crise institucional. Ou, mais amplamente, uma incipiente crise de Estado – como se constata nos frequentes choques entre os poderes constituídos.
Há pouco tempo, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, afirmou que as ditaduras começam quando se rasga a Constituição. No Brasil, o impeachment ilegal da presidenta Dilma violou a Constituição, também pisoteada pelo cancelamento de direitos sociais lá inscritos e por reiterados atropelos a direitos fundamentais, a exemplo de episódios da Lava Jato.
Para que o golpe continuado não prossiga e o povo possa se manifestar livremente, urge antecipar as eleições previstas para 2018 e abrir um processo constituinte amplo, soberano e democrático no País.
Rui Falcão é presidente nacional do PT