No dia que o golpe que instaurou uma ditadura no Brasil completa 52 anos, a defesa da democracia foi o tom do encontro da presidenta Dilma Rousseff com artistas e intelectuais.
Presente ao encontro no Palácio do Planalto, a atriz Letícia Sabatella afirmou, nesta quinta-feira (31), que os opositores tentam tomar o poder na marra. “Criaram um clima de ódio, de irmão contra o irmão”, disse.
Letícia fez questão de dizer que não tem partido e classificou as manobras pelo impeachment como um plano “maquiavélico”. “O motivo que usam para tirar a presidenta Dilma do poder não é por um erro, mas por um acerto. Não tenho como não reconhecer essa ascensão social de milhares de brasileiros”, destacou.
“Conheci o Congresso, o Senado, e sei o quanto há de boicote contra a transformação social verdadeira no Brasil. Temos que ir adiante, não para trás”, enfatizou.
Em vídeo, o vocalista da banda Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz, também se posicionou contra o processo de impeachment e afirmou que o Brasil está presenciando um “atentado político contra o Estado democrático de direito desse País”.
Para ele, é preciso lutar e garantir o respeito ao resultado das urnas. “Nós temos que nos levantar e lutar até o final para garantir que sejam respeitados os 54 milhões de votos dos brasileiros e para garantir que a democracia prevaleça”, garantiu.
“Saúdo todos os guerreiros presentes. Não somos poucos, estamos nas ruas e vamos lutar até o final para garantir que a democracia no Brasil vença. Não vai ter golpe”, finalizou.
A cineasta Anna Muylaert, diretora do filme “Que horas ela volta”, lembrou que em março de 2010 esteve em um jantar com a presidenta Dilma e as cineastas mulheres.
“E naquela ocasião, Dilma falou que nosso trabalho era muito importante, pois colocava o ponto de vista das mulheres. Hoje, seis anos depois, volto aqui para dar meu apoio a Dilma e por amor e para dizer que meu mérito ao fazer o filme foi por ver a Jéssica. Mas o grande mérito não é meu, porque eu não criei a Jéssica. Foi o trabalho que foi feito por Dilma e antes por Lula é um trabalho de inclusão social de nível estrondoso que criou”, afirmou.
“Ainda virá um dia em que a presidente da República será uma Jéssica no futuro”, finalizou.
“Estou aqui hoje por amor à liberdade. Liberdade essa que eu e milhões de brasileiros sabemos o quanto custou para ser conquistada. Os avanços sociais conquistados a tão duras penas estão seriamente ameaçados pela direita. A classe artística mais uma vez se levanta para cumprir seu papel de vanguarda na defesa da democracia e da legalidade”, destacou Beth Carvalho.
A sambista enfatizou que é o amor que une os presentes ao ato. “A classe artística aqui representada se levanta em defesa das liberdades individuais, na defesa da Constituição brasileira e principalmente em defesa do amor, por que é o amor que nos une aqui hoje. O contrário disso, a falta de amor, é o que faz as pessoas simplesmente ignorarem 40 milhões de brasileiros que saíram da miséria, é o que faz uma pessoa agredir outro ser humano por causa da cor da sua camisa”, disse.
“Eu tenho certeza que é o amor que faz com que Dilma Rousseff se levante todos os dias de cabeça erguida para lutar por um Brasil mais justo a despeito de todas as injustiças feitas contra ela. Só podia ser uma guerreira mesmo”, afirmou a cantora.
Beth citou Leonel Brizola e sua luta pela democracia e liberdade no País e fez um paralelo entre o momento que vivemos hoje o em 1964. “Foi um momento muito parecido com o que estamos vivendo agora”.
O aniversário do golpe de 64 foi lembrado pelo diretor de teatro Aderbal Freire Filho. “A imprensa, para apoiar os golpes, muda os nomes. Agora ela chama de impeachment, e antes já chamou de revolução”, afirmou, sendo aplaudido pela plateia, que entoou o grito lembrando o apoio da Rede Globo à ditadura militar.
“Podemos usar um exemplo teatral, o teatro de marionetes, quando a gente vê a grande imprensa manipulando. É evidente essa manipulação, mas não somos marionetes. Temos voz. E o que nós estamos dizendo é que sem crime e para apoiar interesses escusos, é golpe”, disparou.
“Não sou editorialista, mas sei o que é farsa. Farsa é exatamente o contrário, quando personagens ridículos, fanfarrões, enterrados até o pescoço em corrupção, herdeiros de uma tradição política antiga de conveniência, escândalos nunca apurados, são usados e usam a imprensa, que usa estes personagens para escrever a farsa do impeachment“, completou Aderbal Freire Filho.
O ator norte-americano Dammy Glover também gravou um vídeo em apoio a Dilma.
“Nos anos recentes, a massa dos cidadãos das classes progressistas e trabalhadoras conseguiu restaurar com sucesso a democracia, que floresceu, permitindo maiores níveis de inclusão social e desenvolvimento. Hoje, a democracia brasileira está mais uma vez ameaçada, dessa vez por setores da sociedade que se recusam a aceitar que foram eleitoralmente derrotados e buscam lacunas legais que possam levá-los à Presidência”, disse.
Ele encerrou a mensagem dizendo que os brasileiros não estão sozinhos na luta pela democracia. “Sua luta é também a luta de todas as pessoas ao redor do mundo que lutam por democracia, paz, liberdade e justiça”.
O escritor Ruadan Nassar fez questão de enfatizar que a presidenta Dilma não cometeu crime de responsabilidade “e os que insistem no seu afastamento estão subvertendo o Estado Democrático de Direito. Os que hoje tentam promover sua saída serão execrados amanhã, não tenho dúvida”, afirmou.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias