A cada dia fica mais evidente a estratégia em curso do governo de Jair Bolsonaro de deixar o vírus da Covid-19 circular livre em território nacional e matar quantos brasileiros for possível. Nesta sexta-feira (19), mais uma denúncia na imprensa revelou os intestinos de um projeto de extermínio em massa: em agosto de 2020, o Ministério da Saúde cancelou a importação do chamado kit intubação, medicamentos essenciais para o tratamento, nas UTIs, de pacientes em estado grave.
Na ocasião, a pasta do general Eduardo Pazuello foi questionada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) sobre os motivos para a desistência do ministério na compra mas não obteve retorno. À época, o órgão alertou a Saúde, por meio de nota técnica, para o risco de desabastecimento. Justamente o que está ocorrendo agora, no momento mais agudo de pandemia.
“Considerando que em 12 de agosto de 2020 a operação Uruguai II, executada pelo Ministério da Saúde para aquisição de medicamentos do kit intubação foi cancelada, sem que seus motivos fossem esclarecidos”, relata a Recomendação 54 do CNS. Uruguai II é o nome da operação para a compra dos medicamentos.
“É gravíssimo a denúncia feita pelo Conselho Nacional de Saúde”, afirma o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). “Bolsonaro não montou um governo, montou uma máquina de morte e sofrimento”, condenou Padilha, pelo Twitter.
Outro trecho da nota do CNS de agosto alerta: “Considerando que o desabastecimento desses medicamentos coloca em risco toda a estrutura planejada para o atendimento de saúde durante a pandemia do novo coronavírus, pois mesmo com leitos disponíveis, sem esses medicamentos não é possível realizar o procedimento, podendo levar todo o sistema de saúde ao colapso”.
Carta Aberta
Graças à sabotagem de Bolsonaro e do Ministério da Saúde, com ações deliberadas para destruir as estratégias de combate à pandemia, as redes pública e privada de saúde entraram em colapso generalizado. Na sexta, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) emitiu uma carta ao Ministério da Saúde cobrando providências para a escassez de medicamentos de entubação.
De acordo com a entidade, após um levantamento entre associados, houve um diagnóstico de que há “clara a escassez de medicamentos essenciais”. A Anahp apresentou uma lista de seis medicamentos usados no procedimento de intubação, sendo que três deles têm estoque médio de apenas quatro dias. De acordo com a entidade, há clara desorganização na aquisição dos insumos.
Da Redação