Partido dos Trabalhadores

Saúde Mental: ‘As trabalhadoras da saúde sofrem duplamente’, Eliane Cruz 

Coordenadora nacional do setorial de saúde do PT conversa sobre saúde mental com Anne Karolyne, no instagram @mulherespt

Marcello Casal/Agência Brasil

Trabalhadoras da saúde são maioria no SUS

Da Redação, Agência Todas

Nesta sexta-feira, Eliane Cruz, coordenadora do setorial de saúde do PT, falou sobre as frentes de ação em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde e os impactos da saúde mental na vida das mulheres, no enfrentamento à pandemia. 

Ela participou da transmissão ao vivo no perfil do instagram @mulherespt que acontece toda sexta-feira, conduzida por Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT. 

Eliane Cruz é assistente social e consultora em políticas públicas. Foi chefe de gabinete do Ministério da Saúde no governo Dilma e atua com saúde coletiva há mais de 30 anos. Durante a transmissão, ela falou sobre as quatro frentes de atuação de defesa dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde. EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual), Testes Rápidos, Cuidados nos procedimentos e Revogação da PEC 95 que congela gastos em saúde. 

A campanha Trabalhadores protegidos salvam vidas” está entre as frentes de proteção das profissionais em saúde para diminuir os casos de infecção por Covid-19.  Em relação aos testes rápidos, Eliane explica que esse diagnóstico em tempo hábil permite adotar medidas de isolamento e tratamento. 

 

Eliane Cruz é Coordenadora Nacional do Setorial de Saúde do PT

 

 

“Temos um parque industrial que produz testes, principalmente a Fiocruz. Tem expectativa de 1 milhão de testes. No entanto, precisamos saber para onde vai. Essa medida não tem coordenação do Ministério, porque eles não definem para onde vai, nem para quem vai”, alerta Eliane. 

 

A falta de diagnóstico representa sérias limitações para reconhecer e localizar o avanço da pandemia. “Se demora muito pra ter resultado, perdemos a capacidade de controle”, aponta.

As pessoas contaminadas por Coronavírus podem ser assintomáticas, ou seja, continuar transmitindo mesmo sem saber. A maior parte dos trabalhadores em saúde pública são mulheres e, portanto, estão mais expostas à infecção pelo vírus. 

“Estudos indicaram que é preciso uma mudança no manuseio do atendimento da UBS. Como está hoje há o risco de infectar tudo, desde a porta de entrada do segurança, a sala de espera, a sala de enfermagem e o consultório. No entanto, o governo não adotou novos procedimentos”, afirmou Eliane. 

A coordenadora nacional do setorial de saúde do PT também denunciou a falta de organização, procedimento e diretrizes do governo Bolsonaro na contratação de novos profissionais de saúde. “ É descoordenado, é para fazer o que, aonde? É na triagem, na UTI, no teleatendimento?”, questiona. 

 

SAÚDE MENTAL.

Esse clima de insegurança somado ao despreparo do governo Bolsonaro, a agenda de cortes e penalização da classe trabalhadora, corte de investimentos no SUS e falta de políticas econômicas concretas possuem forte impacto na saúde mental das mulheres. 

 

“Me preocupa muito também as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, como garantir que a informação chegue até elas e como elas vão enfrentar esse período difícil”, pontou Anne Karolyne, durante a transmissão. 

Eliane explica que a origem do sofrimento mental vem da sensação de medo e insegurança. A desinformação, a instabilidade da sustentação material, da sustentação da família, principalmente das mulheres que são chefes de família no Brasil são elementos que desgastam a saúde mental. . 

Em relação às trabalhadoras da saúde, Eliane Cruz explica que possuem dois agravantes:

“As mulheres que saem de branco nas ruas estão sendo agredidas fisicamente e, ao chegar do trabalho, elas não podem estar com as famílias”, pontua a coordenadora. 

Para minimizar os impactos desse período tão difícil, Eliane orienta procurar psicólogos e psicólogas que estão realizando ações de atendimento, de forma gratuita e pela internet. Ela reforça um cuidado especial às pessoas que vivem sozinhas e precisam conversar e interagir com outras pessoas.  “É muito importante atuar nas necessidades individuais e coletivas nesse momento, principalmente por meio das redes digitais e sociais que construímos”, finaliza.