O Brasil não voltará a crescer enquanto o povo estiver sem renda. Foi o que explicou a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em entrevista à Globonews, na noite de quarta-feira (9). Segundo ela, medidas adotadas após o impeachment fraudulento de Dilma Rousseff, como a reforma trabalhista, o Teto de Gastos e os cortes no investimento, condenam a população à pobreza e à miséria ao mesmo tempo em que emperram a economia do país.
Gleisi lembrou que um dos motores da economia brasileira é seu amplo mercado interno. Porém, sem dinheiro na mão da população, esse mercado não consegue se desenvolver. “Nós temos que olhar o Brasil como um país com grande potencial de desenvolvimento econômico graças ao mercado (interno) que nós temos. Mas, se o povo não tiver renda, não tiver emprego, não tiver dinheiro, esse mercado não vai se realizar”, afirmou.
Por isso, esclareceu, uma das propostas do PT e de Lula, caso voltem a governar o país, é revisar a reforma trabalhista, que já se comprovou um fracasso. “Nós temos de consertar o que deu errado. A reforma prometia geração de emprego e aumento de renda, mas isso não aconteceu. Continuamos com alto desemprego, as pessoas estão com renda menor, muitos dos salários não foram reajustados nem pela inflação, há precarização dos postos de trabalho, enfraquecimento da Justiça do Trabalho e das centrais sindicais. Se a reforma trabalhista deu certo, foi para uma minoria.”
De acordo com a presidenta do PT, “não é retirando direitos que você impulsiona a economia”. Além disso, a atual política econômica, que reduz os investimentos do Estado e, por meio do Teto de Gastos, impede investimentos na área social, massacra os brasileiros. “O presidente Lula e o PT têm muito claro que precisamos ter programas estruturados para tirar o povo da crise. Precisamos de um Estado forte, que invista e dê proteção social”, afirmou.
Mercado não tem motivo para temer
Gleisi defendeu uma política que não atenda apenas os interesses do mercado, mas também da população. E foi enfática ao dizer que não há motivos para medo de uma volta de Lula e do PT ao governo. “O mercado não pode alegar medinho. O mercado conhece o presidente Lula, conhece o PT. Foi nos nossos governos que tivemos os maiores superávits primários; que construímos a maior reserva de recursos do Brasil, R$ 370 bilhões em reservas internacionais; que conseguimos gerar emprego; melhorar a vida do povo”, enumerou. “É isto que queremos mostrar ao país: o PT salvou a economia brasileira. As pessoas não diziam que era só tirar a Dilma e o PT que tudo se resolveria? Passaram-se quase seis anos e isso resolveu o quê?”, completou.
O jogo, frisou, deve ser de “ganha-ganha”. “Eu acho que está na hora de o mercado falar o que vai fazer pelo povo do país em que ele opera. Porque não dá para só uma parte ganhar e a outra ficar chupando o dedo. Nós precisamos de um jogo de ganha-ganha. Todo mundo sabe que o mercado tem o seu papel, que o mercado tem de ser remunerado, mas não pode ser em detrimento da miséria, da penúria do povo brasileiro”, argumentou.
Uma política econômica como a implementada nos 13 anos de governos petistas é o grande anseio do povo brasileiro, reforçou Gleisi. “Nós queremos que Lula seja de novo presidente porque ele é o único capaz de tirar o Brasil desta crise. Ele é a esperança do Brasil, e não é por outro motivo que ele está à frente nas pesquisas. As pessoas têm memória e sabem que, no tempo de Lula, elas tinham oportunidades.”
Sem medo de debater corrupção
Em outra parte da entrevista, ao ser questionada sobre a possibilidade de o tema da corrupção ser explorado na campanha eleitoral, Gleisi disse que o PT não tem constrangimento algum em debatê-lo. “Não temos medo de fazer um debate sobre corrupção, até porque fomos vítimas da manipulação desse tema. Então, temos coragem e moral para fazer esse debate”, assegurou.
Ela ressaltou que, hoje, Lula já comprovou sua inocência e que é o ex-juiz Sergio Moro quem deve explicações. “Ele vai ter que explicar por que prendeu o Lula injustamente, por que foi parcial nos seus processos, por que não esclareceu as coisas, por que as empresas brasileiras quebraram. Lula conseguiu comprovar sua inocência, todos os processos foram derrubados. E Moro teve sua parcialidade constatada. E, se o juiz foi parcial, é porque ele manipulou o processo, urdiu provas, utilizou a Justiça para fazer perseguição.”
Da Redação