Durante a crise de FHC, os brasileiros tiveram que reduzir o consumo de energia em suas casas e o País sofreu um prejuízo econômico de R$ 42,5 bilhões. Agora, a falta d’água no Sistema Cantareira, uma das principais reservas paulistas pode implicar em danos que vão além da economia.
Pré-candidato tucano à reeleição, o governador Geraldo Alckmin, evita estabelecer regime de racionamento, embora haja cortes de água em diversas regiões durante à noite. Teme estragos eleitorais. Especialistas alertam que a medida seria a mais prudente a ser tomada no momento.
O principal reservatório do estado operava até quinta-feira passada (15) com baixa recorde de 8,2% de sua capacidade. Para tentar manter minimamente o abastecimento, o governo estadual investiu mais de R$80 milhões no bombeamento das águas do volume morto do Cantareira, de qualidade duvidosa.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Vladimir Caramori, a crise energética de 2001 e a crise do Canteira têm a mesma natureza: problemas de gestão dos recursos hídricos.
“Falta planejamento a longo prazo. Para a atual crise de São Paulo, por exemplo, é necessário o racionamento como medida de gestão de demanda e o governo do estado de São Paulo”, explicou.
“Eles estão contando com a sorte ao esperar que em outubro o período chuvoso resolva o problema”, completou.
Caramori alerta que, se durante as chuvas, que vão de outubro a março, não cairá mais água do que a média atual, a crise de falta de água pode ser ampliada.
Governo – Há 20 anos, os tucanos seguem à frente do governo de São Paulo, tempo mais do que suficiente para que medidas de estruturação tivessem sido colocadas em prática, como o aumento de volume de reserva e a busca de outros mananciais.
A crise do Cantareira, segundo Alckmin, deve-se ao longo período de estiagem, mas, em 2012, por exemplo, a região de Piracambaia (integrante do Sistema Cantareira) chegou a inundar por conta da abertura das comportas.
Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), o apagão elétrico custou caro ao País. Para o ministro relator do processo que investigou as causas do apagão de FHC, Walton Alencar Rodrigues, o dano é ainda maior que o estimado.
Ele afirma que se forem considerados prejuízos, como redução de atividade econômica, diminuição do Produto Interno Bruto (PIB), aumento do desemprego, perda de competitividade em razão do aumento de custo de energia elétrica, diminuição da arrecadação de tributos e o desgaste da imagem do Brasil no exterior, o rombo é muito maior. “Chega-se a um prejuízo superior aos R$ 45,2 bilhões registrados”, calculou.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias