Falta de merenda, laboratórios e vestiários fechados, prédios degradados e repressão policial ao movimento estudantil. Essa foi a realidade retratada pelos estudantes secundaristas sobre o ensino estadual do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), em ato pela melhoria da educação pública na avenida Paulista, em São Paulo.
O ato unificado também contou com a presença de estudantes universitários pelos cortes na educação promovidos pelo governo do Estado e alunos de diversas instituições públicas e privadas em apoio ao movimento secundarista contra a máfia da merenda.
Os estudantes saíram da avenida Paulista e desceram a avenida Consolação em direção à Secretaria de Educação. A Polícia Militar reprimiu os manifestantes na altura da praça da República, no centro da cidade e levaram alguns estudantes detidos sem nenhum motivo aparente, segundo informação do Mídia Ninja.
“Na minha ETEC, tem três laboratórios fechados pela diretora que não são utilizados e ninguém sabe porque”, denunciou Emilia Souza, 17. “Os laboratórios estão completos, mas ficam fechados, atrapalhando o ensino”, disse. Segundo ela, os vestuários também estão fechados e a quadra de esportes, por exemplo, está degradada. A boa notícia, diz ela, é que depois de uma ocupação de 15 dias, os alunos estão mais conscientes dos problemas da instituição.
Para J.R., 15, que não quis se identificar, os estudantes das ETECs que participaram do movimento contra a máfia da merenda, estão sofrendo com perseguições dentro das escolas e muitos estão assustados com a atuação policial, sobretudo após a violenta reintegração de posse do Centro Paula Souza. “Houve perseguição nas notas dos alunos”, afirma. Além disso, segundo a estudante, alunos foram fichados na Polícia devido denúncia de diretores da instituição.
A Polícia Militar realizou diversas reintegrações de posse sem autorização judicial.
Tainara Machado, 19, afirmou que em sua escola a merenda é só leite e bolacha. “Não tem o mínimo necessário para um estudo digno”. Bruno Lima e Barbara Oliveira, da escola estadual Anhanguera afirmaram que a merenda não está sendo servida todos os dias.
Para a secundarista Agatha Avino, o PSDB tem cortado gastos em educação e direitos como se fosse uma maneira de resolver a crise, mas para ela isso só agrava a situação. Raul dos Santos, 16, do terceiro ano da ETEC Guaracy Silveira, afirmou que participou das ocupações que ocorreram no último mês e que tanto a ETEC quanto as escolas estaduais estão sendo afetadas por cortes na educação. Em sua ETEC, os cursos técnicos estão sofrendo com a falta de equipamentos, disse ele.
Estudante de história da Unifesp, José Brendo, 23, afirmou que compareceu ao ato para fortalecer o movimento dos secundaristas e também para se manifestar contra o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).
Polícia Militar reprime estudantes:
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias