Jair Bolsonaro será o primeiro presidente a tomar posse lançando um anti-programa: o Menos Médicos. Em resposta às declarações preconceituosas e equivocadas dele sobre o Mais Médicos, o governo cubano vai deixar a parceria firmada em 2013 no governo Dilma e atende 63 milhões de pessoas.
Cerca de 8.500 profissionais devem voltar à ilha – quase metade de todo o contingente do Mais Médicos. O fim da parceria prejudica principalmente as cidades pobres e as periferias das grandes capitais.
Especialistas calculam que 24 milhões de pessoas podem ficar sem médico se nada for feito para suprir a demanda. A Opas/OMS alerta para a dificuldade em repor a saída repentina: nos últimos 5 anos, o maior edital nomeou apenas 3 mil brasileiros.
Confira alguns dados:
Mais de 2.800 municípios brasileiros têm médicos trazidos da ilha caribenha. Desses pelo menos 1 mil têm 1/4 da população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Cerca de 1.500 são atendidos apenas por cubanos, em especial em regiões isoladas do Norte e do Nordeste – 80% têm menos de 20 mil habitantes. Sem eles, não haverá mais atendimento.
As comunidades indígenas e ribeirinhas da Amazônia também serão prejudicadas. Nas aldeias de todo o país, 2/3 do atendimento é feito por 300 médicos.
São Paulo é o estado que perde mais profissionais – 1.365 no total. Seguido de Bahia (829), Rio Grande do Sul (599) e Minas Gerais (594).
Cubanos vão aonde não há médicos brasileiros
É mentira que os médicos vindos de Cuba ‘roubam’ vagas dos brasileiros. Desde o início, esses profissionais só atendiam cidades onde não havia interesse dos profissionais locais.
Pelas regras do programa, médicos brasileiros têm prioridade na seleção, seguidos de brasileiros formados no exterior, outros estrangeiros e, por último, os cubanos.
O Mais Médicos tem aprovação recorde: 95% dos usuários consideram o programa bom ou muito bom em 2016. Mais de 80% disseram que a qualidade do atendimento do SUS melhorou após a chegada dos cubanos, considerados ” mais atenciosos” pelos pacientes.
Entenda o caso
O Ministério de Saúde Pública do país caribenho formalizou a decisão nesta quarta (14), em resposta às declarações ‘depreciativas’ de Bolsonaro e condições ‘inaceitáveis’ que ele exige para continuar com o programa.
Bolsonaro quer que os médicos só possam atuar com diploma revalidado e sob contrato individual. Também questionou a competência desses profissionais, exigindo que eles façam “testes de capacidade”, conforme advogou no Twitter. Em agosto, ainda em campanha, ele declarou que ele “expulsaria” os médicos cubanos.
Em nota, Cuba reforça que não aceitará “que se ponha em dúvida a dignidade, o profissionalismo, e o altruísmo” dos profissionais cubanos. Em cinquenta anos, informa o governo, mais de 400 mil profissionais participaram de missões internacionais em 164 países, como na luta contra a ebola na África.
“Na grande maioria das missões cumpridas, as despesas foram assumidas pelo governo cubano (…) O povo entenderá sobre quem cai a responsabilidade de que nossos médicos não possam continuar oferecendo sua ajuda solidária nesse país.”
Da Redação Agência PT de Notícias