Esperançar foi o verbo utilizado pelos debatedores que se debruçaram nesta sexta-feira (1°), sobre o tema Juventude seus desafios e protagonismo na transformação e mudanças necessárias para a construção de um novo Brasil. O tema é desdobramento do Seminário Resistência, Travessia e Esperança organizado pelas lideranças do PT na Câmara, no Senado, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, PT Nacional e Instituto Lula.
O evento foi coordenado pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e pela secretária Nacional da Juventude do PT, Nádia Garcia, e contou com a participação dos líderes das bancadas do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), e do Senado, senador Paulo Rocha (PA).
No sentido de esperançar, Zeca Dirceu parabenizou a juventude do País que se organiza em diferentes estados na campanha para o primeiro título de eleitor. “Nossos jovens de 15 anos que vão completar 16 até a eleição, tirem o seu título de eleitor para que possam participar dessa eleição para decidir o futuro do nosso país”, conclamou Zeca.
Para ele, a participação dos jovens no debate político é importante para formulação do programa de governo do presidente Lula e também para o trabalho de denúncia, resistência, e oposição “às insanidades desse governo tão inconsequente que é o desgoverno Bolsonaro, que afeta muito a nossa juventude”.
Reconstrução do País
Em sua fala inicial, o deputado Reginaldo Lopes reconheceu a importância desse debate para o grande desafio que é a reconstrução do Brasil. Ele citou o golpe contra a presidenta Dilma em 2016 como o grande causador da desesperança dos jovens brasileiros. “O golpe na presidenta Dilma e os governos ultraliberais de Temer e Bolsonaro destruíram a esperança da juventude brasileira”, sentenciou.
Romper a falta de esperança
Para fechar o ciclo de descasos, desalentos, ausência de políticas públicas que vão ao encontro da parcela jovem do País, Reginaldo Lopes sugeriu colocar no papel e apresentar um plano decenal nacional para a juventude superar o desalento.
“Precisamos romper a falta de esperança e trazer a juventude que sempre foi vanguarda de grandes mudanças, de grandes valores para o centro do debate político do Brasil e também para o centro da construção do novo Brasil que vai nascer nas urnas no dia 2 de outubro com a eleição do presidente Lula”, afirmou o líder do PT.
Juventude otimista
Lopes lembrou dos 13 anos do governo do PT à frente da Presidência da República. Segundo ele, naquele período a juventude esperançou, principalmente na pessoa do presidente Lula. O deputado contou que antes de Lula, a juventude brasileira circulava entre os 200 países filiados à Unesco como a mais pessimista do planeta. “Com apenas oito anos de políticas públicas do presidente Lula, o Brasil passou a ter a juventude mais otimista do planeta Terra”, afirmou orgulhoso, o parlamentar.
Lula e a juventude
De acordo com o líder petista, isso foi resultado de políticas públicas. Nossa juventude passou a ter um marco regulatório quando emendamos a Constituição Federal para considerar a juventude como um direito. Segundo ele, o presidente Lula incentivou, apoiou as mudanças propostas, “e aprovamos o Estatuto da Juventude, mas também criamos um decenal de políticas para juventude”.
“E nos dez primeiros anos do presidente Lula e da presidenta Dilma nós criamos o Prouni, o novo Fies, o Reune, os institutos federais, o Pronaf Jovem, além de incentivo ao esporte. Nós construímos o primeiro emprego, Pronatec, e um conjunto de políticas públicas, além de colocarmos a juventude brasileira entre os 200 países da Unesco como a juventude com mais perspectiva de vida e oportunidade para nossas famílias, para os nossos filhos e netos. Esta é uma revolução”, destacou.
Programa de governo
O líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha, lembrou que a juventude é um setor importante da sociedade brasileira por ter capilaridade em todos os estados, em todas as categorias, e em todos os setores. Ele explicou que as sugestões servirão na formulação que consolidará um programa de governo que vai ao encontro do momento que o nosso País tá vivendo. “O atual governo implementa verdadeiros retrocessos e desconstruções de tudo que nós já tínhamos construído no nosso país, principalmente na políticas públicas”, criticou.
O seminário, segundo ele, expressa um nome sugestivo de “resistência, travessia e esperança” exatamente por carregar a característica e o papel que o PT está sendo chamado a desempenhar nesse momento pelo qual passa o País.
“Primeiro resistir a esses ataques e retrocessos no momento em que a elite brasileira retoma o poder político através não só de desconstrução, mas de governos autoritários. Depois, a travessia, que é exatamente esse momento que nós estamos construindo”, apontou Paulo Rocha.
Esperançando
A coordenadora do Núcleo de Educação do PT no Congresso, deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) afirmou que o jovem que perdeu a esperança com esse desgoverno Bolsonaro, agora vê uma possibilidade de o País ser reconstruído.
“Então esse seminário foi muito bem pensado, a temática, quando a gente diz resistência, travessia e esperança. A esperança e o esperançado que tanto nos ensinou Paulo Freire, são jovens que representam. Nós podemos até ter acumulado o conhecimento ao longo da vida, mas a energia é só da juventude, que é forte na juventude, ela faz totalmente a diferença”, reconheceu a professora.
Novo projeto de nação
No entendimento de Rosa Neide, o desmonte provocado pelo governo Bolsonaro fez com que muitos jovens brasileiros pensassem em deixar o País. Mas, segundo ela, abre-se uma nova perspectiva com a candidatura de Lula à Presidência da República. “Agora nós temos uma possibilidade, um novo projeto de nação, de reconstruir esse País. Todos nós, juntos, e fortemente os nossos jovens rapazes e moças, homens e mulheres, de mãos dadas, ninguém soltando a mão de ninguém para que a gente possa fazer a frente desse nosso projeto, a travessia neste ano 2022, e com certeza que se estabelecerá no poder no ano 2023”, mostrou-se esperançosa a parlamentar.
Campanha primeiro título
A secretaria Nacional da Juventude do PT Nacional, Nádia Garcia, alertou sobre pesquisa recente que aponta que grande parte da juventude não vota em Bolsonaro. “Se não vota de jeito nenhum no Bolsonaro, não quer dizer, necessariamente, que vai vir com a gente. Isso que tem que ser nosso foco”, sugeriu.
Ela citou que jovens entre 16 e 24 anos vão representar mais de 5 milhões de votos em 2022. “Isso é muita gente, isso é muito jovem que acredita no Lula, que não quer o Bolsonaro, mas também precisa ser incentivado a votar. Não adianta essa galera ter preferência prioritariamente pelo Lula e não tirar o título”, argumentou.
Nádia Garcia sugeriu que “o meu primeiro voto” do Partido dos Trabalhadores seja transformado em uma campanha. “Agora é mais do que geral, com grande apoio que a Anitta, Zeca Pagodinho vem dando, e a lista vai aumentando desses grandes artistas que nos ajudaram a construir uma campanha de tiragem de título e de incentivo ao voto da juventude que pode, realmente, mudar os rumos das eleições neste ano”, frisou Nádia.
Juventude e trabalho precarizado
A representante do movimento Coalização Negra por Direitos Dara Santana fez referência a milhares de jovens que entraram numa faculdade, que se formaram e não conseguiram encontrar o mercado de trabalho e que infelizmente acabaram no mercado de trabalho precarizado. Segundo ela, essa precarização traz desalento e desesperança.
“O Brasil tem a maior população de juventude de sua história. São 47, 8 milhões de jovens que representam quase um terço da população economicamente ativa no nosso País. No entanto, 50% desses jovens, 27,1 milhões estão desocupados. Um quarto desses jovens vivem sem estudos, sem trabalho. Essa é uma perspectiva de uma juventude desesperançada”, apontou.
Para Dara Santana é necessário debater com os jovens a importância de sua participação política. Ela destacou temas prioritários como emprego, renda, segurança, cultura, entre outros. Para Dara, “esses são pontos fundamentais de disputa para diálogo com a juventude”.
Diálogo e reflexão
A secretária Nacional da Juventude da CUT, Cristiana Paiva, defendeu a necessidade de refletir sobre várias questões, principalmente no sentido de organização da juventude. “O nosso Brasil começa a mudar os pensamentos, a galera começa a mudar e a gente tem que a partir daí refletir quais são as novas atitudes para novos resultados. A gente precisa falar disso”, observou.
Ela lembrou que em outros tempos se debatia em ponto de ônibus, em locais em que não era natural se fazer política. “A gente reunia a galera na praça, falava sobre o que achávamos, o nosso ponto de vista. E aquilo ali em determinado momento tinha uma agregação. Hoje não, hoje a gente precisa diferenciar porque eu, por exemplo, estou aqui e venci uma realidade totalmente diferente, em que a internet é um luxo”, lembrou Cristiana Paiva.
“A gente precisa evoluir anos luz para poder chegar e atingir aí essa nova juventude onde ela está”, ponderou.
Célio Schimidt, representante da juventude do MST, disse que dentro da perspectiva da Resistência, Travessia e Esperança, as comunidades, os acampamentos e assentamentos devem ser fortalecidos em todas suas dimensões. “Dessa forma, juntos para fortalecer a juventude que vive nele, ou seja, nossas áreas e a gente tem que ter mais acesso às políticas públicas, ter mais acesso à infraestrutura, coletiva, comunitária, que gera espaço de cultura, de lazer, de produção de agricultura, que gera renda. Então a dimensão da reforma agrária está inteiramente conectada a isso”, sustentou.
Também participaram do debate, Gabriel Medeiros (NAAP Juventude), vereadora Beatriz Caminha (PT-PA) e vereadora Brisa Bracchi (PT-RN).
Do PT na Câmara