Na luta por moradia, mas não só, militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ocupam há nove dias uma das principais calçadas da avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo. A ocupação é um símbolo da resistência popular ao desmonte de direitos promovido pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB).
Na terça-feira (21), o presidente do PT Rui Falcão esteve na ocupação para apoiar o movimento. Nesta quinta-feira (23), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Paulo Teixeira (PT-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP) também estiveram no acampamento da resistência.
A ocupação foi instalada após uma manifestação de 30 mil pessoas. Desde então, 400 sem-teto ocupam permanentemente o local – por tempo indeterminado até o governo atender às reivindicações.
A motivação principal da ocupação é a defesa do direito à moradia, atacado pelo desmonte do Programa Minha Casa, Minha Vida. O presidente golpista Michel Temer (PMDB) está enfraquecendo as linhas destinadas aos mais pobres e voltando o programa para beneficiar as faixas de renda mais altas.
Além de atividades culturais diárias, com shows e aulas públicas, a ocupação serve cerca de mil refeições diárias – atendendo não só os militantes como também moradores de rua da região. Nesta quinta-feira, por exemplo, a programação incluía, além do ato com os parlamentares e lideranças, show de rap com a presença de Emicida.
Minha Casa, Minha Vida
“O governo Temer congelou todas as contratações da Faixa 1 do MCMV, que atende justamente a 80% do déficit habitacional brasileira, que é quem ganha até R$ 1,8 mil por mês”, afirma Guilherme Boulos, líder do MTST. Ao mesmo tempo, Temer elevou o teto para financiamento de imóveis com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para até R$ 1,5 milhão, e elevou a faixa salarial que pode participar do Minha Casa, Minha Vida para R$ 9 mil. “Estão querendo direcionar os recursos do programa para o setor imobiliário”, diz.
Boulos reforçou, no entanto, que a luta não é somente por moradia, mas contra todos os ataques aos direitos dos trabalhadores. “Não é uma luta só por moradia. Estamos aqui para dar nosso grito contra todos ataques”, afirmou ele. Entre eles, o desmonte da Previdência, que vai elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos, além de estipular um prazo de 49 anos de contribuição para que o trabalhador possa receber o benefício integral. “Na surdina, tentam passar uma reforma trabalhista que acabam com direitos historicamente conquistados pelo nosso povo”, afirma.
Para a senadora e líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR), a ocupação é simbólica. “A elite financeira vai ver que o povo tá aqui, que povo não é número para você cortar no gabinete para aumentar o pagamento de juros”, afirmou. “Resistam, nós vamos estar juntos. Lutando por moradia, por dignidade”, disse ela.
“Essa ocupação está repercutindo no Brasil inteiro. É a luta por moradia mas também é a resistência ao governo ilegítimo de Michel Temer”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Eu espero que dessa ocupação da Paulista surja uma luta no Brasil inteiro”, disse ele, que frisou que movimentos de resistência de todo o país estão sendo inspirados pela ocupação na Paulista.
Para o deputado Carlos Zarattini, essa ocupação representa a luta contra a perda de direitos posta em prática pelo governo golpista , com o desmonte da Previdência, reforma trabalhista, e a venda do patrimônio brasileiro, com as mudanças no pré-sal e a liberação de terras para estrangeiros.
“O PT não pode deixar de estar na mobilização, em cada cidade desse país temos que estar na rua para impedir as medidas do governo golpista”, disse.
Para o deputado Arlindo Chinaglia, o que ocorre hoje no governo Temer é uma explicação claríssima de porque o golpe foi dado. “O governo está tendendo a todos que apoiaram o golpe. A nossa vinda aqui é uma demonstração: lá a gente se sente minoria, derrotado dia a dia, mas quando a gente olha para fora a gente sabe que não está sozinho. Então vocês sabem que não estão sozinhos”, disse ele.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias