Tido como um dos principais articuladores de um possível governo de Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse recentemente que a presidenta Dilma Rousseff estava prejudicando a imagem do Brasil no exterior ao se dizer vítima de um golpe.
Mas o que é de causar constrangimento mesmo é a longa ficha de acusações que pesam contra ele. De compra de votos a desvio de verbas públicas, passando por irregularidades em empréstimos tomados junto a bancos públicos, o senador tem um farto histórico de pendências judiciais.
Na operação Lava Jato, a exemplo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Jucá coleciona citações e já é formalmente investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em acordos de delação premiada, executivos de empreiteiras como a Andrade Gutierrez e a UTC Engenharia contaram que o senador teria recebido propina para interferir a favor das empresas em contratos da Eletronorte e Eletronuclear. Ricardo Pessoa, da UTC, afirmou que Jucá pediu à empreiteira R$ 1,5 milhão como doação de campanha em 2014, quando o filho dele, Rodrigo Jucá, foi candidato a vice-governador em Roraima. Segundo o empresário, a doação estaria ligada à contratação da UTC pela Eletronuclear para obras de construção da usina Angra 3.
Já na Operação Zelotes, Romero Jucá foi acusado pelo lobista Alexandre Paes dos Santos de cobrar cerca de R$ 15 milhões para trabalhar pela aprovação de emendas de interesse do setor automotivo. A ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito para investigar a denúncia.
O senador é apontado também como o verdadeiro proprietário da TV Caburaí, retransmissora da TV Bandeirantes em Roraima. Em pedido de abertura de inquérito para apurar acusações do lobista Geraldo Magela, que afirmou ter sido “laranja” e “testa de ferro” de Jucá, o ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel disse haver “indícios de que o senador Romero Jucá seria sócio oculto da TV Caburaí de Roraima Ltda”. De acordo com a Constituição, deputados e senadores não podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresas concessionárias de serviço público, caso das emissoras de rádio e TV.
Além disso, em 2011, a Procuradoria Regional Eleitoral de Roraima fez uma representação contra o senador e o governador José de Anchieta Júnior (PSDB), que chegaram a ser indiciados por compra de votos, circulação indevida de dinheiro e pagamento irregular de pessoal de campanha, durante o pleito de 2010.
A lista é extensa e as irregularidades em que está envolvido remontam ao governo Sarney, quando sua gestão enquanto presidente da Funai sofreu intervenção do Tribunal de Contas da União (TCU). À época, Jucá foi acusado de cobrar propina para permitir exploração ilegal de madeira em terras indígenas. Aliás, jogar contra os direitos dos povos indígenas sempre foi uma especialidade do senador, que chegou a apresentar um projeto de lei, em 1995, que visava autorizar atividades de mineração em territórios indígenas.
Da Redação da Agência PT de Notícias