Servidoras e deputadas realizaram um ato, nesta quarta-feira (9), em protesto ao projeto que cria um código de vestimenta para frequentar o Parlamento. Com cartazes que diziam “Cuide do seu decoro, que eu cuido do meu decote”, elas repudiaram a imposição de uma regra que proíbe o uso de minissaias e decotes na Casa.
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), a Câmara dos Deputados tem questões mais urgentes para considerar. A parlamentar acredita que a maior parte das pessoas que transitam pela Câmara, se trajam de forma adequada para o que pretendem na Casa.
“Em primeiro lugar, acredito que não é prioridade da Casa definir esse tipo de questão. A maior parte das pessoas que vem à Câmara dos Deputados veste-se adequadamente, de acordo com suas preferências pessoais, origem social e com a enunciação política que deseja fazer quando chega aqui”, justifica.
Caso a proposta fosse aceita, lembra a deputada, mães de santo que na Casa já estiveram para defender a liberdade e o respeito para as religiões de matrizes africanas, seriam impedidas de entrar na Câmara.
Para ela, seria uma interferência inadequada do Parlamento sobre a liberdade de expressão.
“Liberdade de expressão não é algo apenas falado. Quando as pessoas se vestem, elas estão se expressando. É absolutamente inadequado que no parlamento, que é o lugar de todas as vozes, colocarmos esse tipo de voto de silêncio”, critica.
Ao invés de discutir decote, os deputados deveriam discutir decoro”, afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF). Para ela, na prática, a proposta limita especialmente o vestuário feminino e impede que os movimentos sociais acessem a Câmara.
“As mulheres conquistaram o direto de se expressarem por meio de suas vestimentas, então elas serão muito cerceadas com essa proposta. A gente sempre diz que temos nossas burcas invisíveis, porque temos na Câmara menos parlamentares mulheres do que em países onde as mulheres usam burcas, mas agora teremos nossas burcas visíveis, pois querem impor burcas às mulheres no Parlamento”, protestou a deputada.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias