Comprometidas com a luta pela liberdade do ex-presidente Lula, as sindicalistas da CUT-SP estiveram, mais uma vez, na Vigília Lula Livre em Curitiba (PR). A caravana foi composta por mulheres trabalhadoras de diversas categorias de São Paulo que estiveram na capital paranaense nos dias 12 e 13 de setembro.
Ao longo dos dois dias, uma intensa agenda de atividades compôs a participação das trabalhadoras, como rodas de conversa e troca de experiências com os demais movimentos também presentes.
A ida das mulheres conta com o apoio do Coletivo da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, que tem Márcia Viana à frente. “Viemos com as domésticas, vestuário, bancárias, municipais, químicas, trabalhadoras da saúde. Nosso coletivo está aqui pela terceira vez, pois estamos dentro de uma jornada em defesa dos direitos, soberania e da democracia, e só iremos encerrá-la quando Lula for solto, pois reconhecemos nele as grandes conquistas que tivemos, seja na ampliação de direitos ou no enfrentamento à violência contra a mulher”, disse a dirigente.
A Vigília Lula Livre ocorre desde o dia 7 de abril de 2018, quando Lula foi detido pela Polícia Federal mesmo sem provas sobre sua participação em algum crime. Diariamente, os participantes realizam ações denunciando a prisão política e fazem o tradicional ‘bom dia, boa tarde e boa noite, presidente’, que o próprio Lula confirmou ouvir e afirmar que responde.
O local, que fica em frente à Superintendência da PF, se tornou o símbolo de luta que tem mobilizado pessoas de todo o mundo contra a prisão ilegal do ex-presidente. Formada por movimentos sociais e sindical, a vigília tem recebido a visita de diversas personalidades do campo político, jurídico, religioso e artístico. Um ambiente plural, com pessoas de todas as idades que veem em Lula a representação de todas as bandeiras de defesa dos direitos humanos e sociais – muitas vezes refletidos nos depoimentos de gratidão que cada pessoa tem em relação ao ex-presidente.
Com a participação das mulheres, além da saudação ao ex-presidente, uma carta escrita por elas também foi lida na atividade. “Assim como ao longo de toda história de vida e de luta do maior líder político, do maior e melhor presidente que o Brasil já teve, história esta contada, recontada e registrada nas mais variadas línguas, que você, Lula, este homem sem igual, este ser iluminado, nunca esteve sozinho. O povo está contigo! Nós, mulheres, estamos contigo! E a história mostra que este eco e reciprocidade, são poucos que conseguem”, diz trecho da missiva.
Prêmio Nobel da Paz
Durante a presença das mulheres, a Vigília recebeu a visita do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, e do sociólogo espanhol Ignacio Ramonet, que antes visitaram Lula.
No encontro, o argentino Esquivel disse ter expectativas sobre o anúncio do próximo laureado com o Nobel 2019, previsto para ocorrer daqui a um mês. “Não sabemos o que pode ocorrer, mas seria muito importante que fosse outorgado a Lula. Seria o primeiro prêmio Nobel do Brasil”, afirmou.
Já o espanhol Ramonet contou que na conversa com Lula, o ex-presidente pediu que as pessoas reforçassem a divulgação das revelações do site The Intercept Brasil, que escancaram o golpe articulado por alguns membros da Justiça para impedi-lo de seguir liderando o campo progressista no país.
“Ele pensa que isso não está sendo difundido o suficiente. Uma parte da grande imprensa brasileira está boicotando a difusão das informações, muito reveladoras da fraude e da manipulação jurídica que lhe foi imposta”, diz o sociólogo.
Um ‘puta’ debate
Ainda na quinta, foi realizada uma roda de conversa com Betânia Santos, coordenadora da Associação Mulheres Guerreiras, organização de Campinas que atua na defesa e proteção de profissionais do sexo. Ela falou sobre a Associação que foi criada em 2004 com o objetivo de organizar a categoria, prestar auxílio jurídico e combater as violações de direitos.
Betânia relatou casos de violência dos quais a entidade conseguiu fazer intervenção e desmistificou conceitos que, às vezes, causam confusão entre as pessoas. “Lutamos por dignidade e condições mínimas de trabalho. Com a aprovação do PL Gabriela Leite (PL 4.211/12), por exemplo, teríamos garantias para acordar questões de trabalho nos locais onde gostaríamos de atuar, evitando o cárcere privado, tráfico de pessoas e a exploração sexual, situações que acontecem hoje por ser proibida a vinculação da profissional do sexo a um local de trabalho”, disse.
Com diálogo franco sobre um assunto que gera polêmica e controvérsia na sociedade, dividindo opiniões, as participantes entenderam ser necessário o aprofundamento desse debate dentro da CUT – entidade que sempre esteve na vanguarda dos assuntos relacionados ao mundo do trabalho.
Pela soberania nacional
Já na sexta (13) pela manhã, o debate foi em torno dos ataques às estatais feitas pelo atual governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a defesa da soberania nacional. A petroleira e dirigente da CUT Paraná, Anacelie de Assis Azevedo, as bancárias do ABC e de São Paulo, Inez Galardinovic e Ana Beatriz Garbelini, falaram sobre a importância de lutar pelas empresas públicas que são responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social, como financiamentos de habitações, agricultura familiar e investimentos em saúde e educação, por exemplo.
Nesse momento, a indígena Jovina Rehn Ga fez uma oração do povo kaingang à vigília, emocionando os presentes.
Confira a íntegra da reportagem da CUT
Por CUT