O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) quer convocar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a prestar esclarecimentos sobre as acusações feitas por ele contra o atual ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Em entrevista concedida ao jornal “Folha de S. Paulo”, no sábado (19), Calero afirmou que Geddel, homem forte do governo golpista de Michel Temer, o pressionou a forjar um parecer técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para aprovar um empreendimento imobiliário em uma área tombada de Salvador (BA). Geddel é dono de um imóvel no empreendimento embargado.
Segundo o deputado petista, é preciso que o ex-minsitro formalize essa denúncia. “É importante que primeiro a gente ouça o autor da denúncia. Aí, confirmando a denúncia, o próximo passo será ouvir o ministro Geddel”.
Por isso, Solla apresentou, nesta segunda-feira (21), um requerimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, pedindo a convocação do ex-ministro da Cultura.
“A comissão deve tratar disso para que o ex-ministro possa prestar informações sobre o caso. São acusações gravíssimas e acredito que se Geddel permanecer à frente do Ministério, é a mais completa desmoralização do governo golpista de Temer”, afirma.
O deputado enfatiza que este não é o primeiro escândalo envolvendo o nome do peemedebista Geddel.
“É bom lembrar que ele esteve envolvido num dos primeiros escândalos do Brasil após a Ditadura Militar, dos Anões do Orçamento. Há também várias denúncias contra ele sobre obras na época que ele foi ministro da Integração Nacional”, aponta.
No escândalo dos “Anões do Orçamento”, em 1993, políticos manipulavam emendas parlamentes com o objetivo de desviarem o dinheiro através de entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de empreiteiras.
Além de Solla, outro petista a se pronunciar sobre o caso foi o ex-ministro da Cultura do governo eleito de Dilma Rousseff, Juca Ferreira.
Em suas redes sociais, Juca recorda que, quando ministro, demitiu o então superintendente do Iphan-BA, Carlos Amorim, por “evidências de desmandos”, inclusive em relação a este empreendimento imobiliário.
Segundo o ex-ministro, o engenheiro que assina o parecer técnico autorizando a obra, Bruno Tavares, é homem de confiança de Carlos Amorim e, após o golpe, foi nomeado por Temer a assumir o Iphan da Bahia.
Para Juca, a denúncia de Calero contra Geddel “mostra, mais uma vez, a farsa que foi o golpe dado em nome do combate à corrupção e expõe cruamente as entranhas apodrecidas do governo Temer”.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias