Com mais de 22 milhões de infecções e mais de 780 mil mortes, a Covid-19 segue desenfreada pelo planeta. Mantendo a posição de epicentro da doença na América Latina, o Brasil reponde por mais de 15% do total mundial de casos, com 3.370.362 contaminações e 108.900 vítimas fatais, segundo balanço desta terça-feira (18) consolidado pelo consórcio de veículos de imprensa.
Em resposta à virulenta propagação da doença, laboratórios correm contra o tempo para produzir uma vacina eficaz contra o coronavírus. Após anúncio pela China do registro da patente de uma vacina contra o coronavírus, no entanto, autoridades de saúde mantiveram o tom cauteloso. Especialistas insistem que é preciso reforçar o protocolo de medidas preventivas como o distanciamento social e uso de máscaras.
“Não é possível dizer com segurança total se teremos uma vacina em seis meses”, afirmou o diretor assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, em entrevista coletiva. Ele reforçou a necessidade de manutenção do protocolo de medidas preventivas como o distanciamento social e o uso de máscaras. ”Mesmo as vacinas que estão em processos de ensaios clínicos adiantados, estes podem detectar que ela não é eficaz, ou não é eficaz para determinados grupos”, disse o diretor, durante entrevista coletiva virtual.
A vacina chinesa, chamada de Ad5-nCoV, foi desenvolvida pelo Instituto de Biotecnologia de Pequim e pela empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics. Apesar de resultados preliminares promissores com cerca de 500 pessoas na fase 2, os testes precisam passar para a próxima fase, que abrange um número maior de pessoas. O Brasil está entre os países que poderão participar dos testes nesta fase.
Na semana passada, a Rússia também anunciou o desenvolvimento da Sputnik 5, vacina que vem causando controvérsia no meio científico e entre pesquisadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma vez que não passou pela terceira e conclusiva fase de testagens. Atualmente, mais de 150 vacinas estão sendo produzidas no planeta, segundo a OMS.
Em fase mais adiantada, a também chinesa CoronaVac, do laboratório Sinovac, está em fase de testes no Brasil desde julho. No total, 9 mil profissionais da saúde brasileiros participarão dos testes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. Para desenvolver a vacina a Sinovac firmou parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
Oxford x Fiocruz
Já a vacina de Oxford, produzida em parceria com a AstraZeneca, está na fase 3, coordenada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Se bem sucedida, será produzida no país graças a um acordo entre a Fiocruz e a Universidade de Oxford. De acordo com informações fornecidas pela da Fiocruz, Nísia Trindande, à CNN, os testes de fase 2 da vacina mostraram eficácia próxima de 100% quando aplicadas duas doses.
O estudo completo sobre a vacina de Oxford só deve ser concluído em junho de 2021, mas dada a excepcionalidade da pandemia, ela pode ser licenciada ainda este ano, segundo o jornal ‘O Globo’. De acordo com a professora e pesquisadora da Unifesp, Lily Yin Weckx, estudo apresenta boas perspectivas e, em breve, será possível obter dados de eficácia da vacina. Ela coordena os estudos da vacina da AstraZeneca/Oxford no Brasil. Os testes clínicos estão na fase 3 com a participação de cerca de 5 mil voluntários.
Vacina gratuita e universal
Diante da possibilidade da criação de uma vacina eficaz até o fim do ano ou início de 2021, mais de 100 personalidades e lideranças mundiais assinaram, no final de junho, um manifesto em defesa de uma vacina universal e gratuita. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos signatários da iniciativa do Yunus Centre, instituto do Nobel de Economia Muhammad Yunus.
“Qualquer remédio que for inventado, descoberto daqui pra frente, para enfrentar o coronavírus tem de ser de domínio publico, distribuído gratuitamente, não pode ter dono”, afirma Lula. “Não pode alguém querer ficar rico às custas de um remédio que vai salvar a humanidade desse vírus”, defende o ex-presidente.
Imunidade de rebanho
Nesta terça, o diretor do programa de emergências da OMS, Mike Ryan, voltou a descartar a estratégia defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, de deixar o vírus circular para criar uma imunidade de rebanho. “Esta não é a solução que devemos procurar”, alertou Ryan.
”A maioria dos estudos realizados até agora sugere que apenas entre 10% a 20% por cento das pessoas têm anticorpos”, sustentou Ryan, durante entrevista coletiva concedida pela agência. “Como população global, não estamos nem perto dos níveis de imunidade necessários para impedir a transmissão desta doença”, disse ele.
De acordo com a diretora técnica da OMS, Maria van Kerkhove, a população mundial continua exposta à propagação do vírus. “As pessoas precisam tomar decisões, suas vidas dependem disso”, alertou. “Todos precisam entender quais são os riscos e se é possível evitar aglomerações.
Da Redação, com agências