O ceticismo em relação ao imunizante russo Spunik V caiu por terra nesta terça-feira (2), quando a prestigiada revista científica ‘Lancet’ publicou um estudo confirmando uma eficácia de 91,6% contra o vírus da Covid-19. A vacina demonstrou segurança e boa reposta imunológica após a realização de testes com 20 mil voluntários. O imunizante já foi registrado em 16 países, incluindo Argentina, Bolívia, Venezuela, Paraguai e México. No Brasil, no entanto, entraves impostos pela Agência de Vigilância Sanitária continuam no caminho do acesso ao produto.
“Alemanha e Inglaterra já estão analisando a vacina Sputnik V. Por aqui, a Anvisa continua com exigências burocráticas dificultando o processo para aquisição da vacina, enquanto milhares de pessoas morrem diariamente no Brasil”, cobra o governador da Bahia, Rui Costa.
O estudo apontou “excelente perfil de segurança” da vacina, inclusive entre acima de 60 anos, faixa etária que atingiu 91,8% de taxa de eficácia. Além disso, 94% das reações adversas foram leves, como sintomas de gripe, reações no local da injeção e dor de cabeça.
“Os resultados intermediários do ensaio clínico de fase 3 da vacina de vetor de adenovírus Sputnik V são bastante impressionantes. Esta vacina parece ser altamente eficaz e imunogênica em todas as faixas etárias”, comemorou o diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) da França, Cecil Czerkinsky, de acordo com a ‘CNN’.
“Esta é claramente uma boa notícia, pois esta vacina de formulação dupla é comparativamente fácil de fabricar e distribuir em meio à escassez global de vacinas e os problemas logísticos na distribuição das vacinas termossensíveis recentemente autorizadas para uso de emergência”, explicou o pesquisador.
Pressão por liberação
A demora em uma aprovação do uso emergencial tem sido alvo constate de críticas, não só entre governadores, mas entre autoridades de saúde. O infectologista da Fiocruz, Julio Croda, condenou a exigência de estudos da fase 3 no país pela Anvisa. “É uma burocracia desnecessária porque os dados estão aí para provar que [a vacina] possui boa eficácia e apresenta segurança”.
“Depois da publicação da The Lancet, até a Angela Merkel entrou em contato interessada na Sputnik V para a Alemanha. Para se ter uma ideia, a revista não recebe um trabalho e publica. Ela audita. A fase 3 feita na Rússia foi auditada. Por isso o processo demora”, explicou o presidente da farmacêutica União Química, Fernando Marques à Rádio Bandeirantes. Para ele, a Anvisa tem todas as condições de alterar as exigências sobre a fase 3.
STF
A Bahia entrou com um pedido de liminar junto ao STF a fim de obter a liberação do uso emergencial e garantir a compra de 50 milhões de doses ao Consórcio de governadores do Nordeste. O processo segue em análise. “Seguimos trabalhando para assegurar o acesso a outros imunizantes. Vacinas salvam vidas e é essa a nossa prioridade”, observa o petista.
Ele ressalta que cerca de 15o mil pessoas foram imunizadas no estado, número ainda baixo para garantir a proteção da população. “Peço que continuem adotando os cuidados necessários. Usem máscaras sempre e evitem aglomerações”, alertou, pelo Twitter.
Da Redação, com agências