O ex-estrategista da campanha e conselheiro de Donald Trump, Steve Bannon, também ligado ao presidente Jair Bolsonaro e filhos, foi preso nesta quinta-feira (20). Ele é acusado de fraudar centenas de doadores da campanha “Nós Construímos o Muro” para embolsar cerca de US$ 1 milhão.
Segundo promotores federais de Manhattan, a campanha levantou US$ 25 milhões para financiar barreiras no Texas e no Arizona, de onde Bannon tirou centenas de milhares de dólares para cobrir despesas pessoais. A propaganda online do grupo incluía uma foto do presidente Trump e um selo que dizia “Trump aprova”, referencia à promessa do líder de extrema direita de construir um muro para impedir a entrada de imigrantes do México.
Três outros homens, Brian Kolfage, Andrew Badolato e Timothy Shea, também foram presos no suposto esquema para fraudar a organização sem fins lucrativos. Em comunicado, a procuradora dos EU, Audrey Strauss, disse que o fundo capitalizou o interesse dos doadores na construção do muro de fronteira, enquanto canalizava milhões de dólares para financiar o “estilo de vida luxuoso” do fundador da campanha, Brian Kolfage.
“Como alegado, eles não apenas mentiram para os doadores, como planejaram ocultar sua apropriação indébita de fundos criando faturas e contas falsas para lavar doações e encobrir seus crimes, sem respeitar a lei ou os fatos”, afirmou Philip Bartlett, inspetor responsável pelo caso.
Mentor das Fake News
Bannon é considerado figura-chave para a eleição tanto de Trump quanto de Bolsonaro, além da aprovação do Brexit, que levou o Reino Unido a optar pela saída da União Europeia. Bannon foi acusado de ser o mentor da estratégia de disseminação de fake news, responsáveis pela ascensão da extrema-direita no Brasil e no mundo por meio de mentiras e destruição de reputações. Uma das plataformas é o “The Movement”, uma organização de extrema-direita com sede em Bruxelas, cujo orientação é eleger governos populistas de direita pelo planeta.
“A prisão do Bannon é importante pra democracia”, afirma o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Outro dia vi um levantamento de que o Trump mente 11 vezes por dia. O Bannon é um fomentador de guerras. Merece ser tirado da política porque ele representa o mal”, observa Lula.
Encontro com Bolsonaro
Durante a campanha presidencial de 2018, um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo, encontrou-se com Steve Bannon. À época, ele publicou uma foto ao lado do estrategista em um prédio comercial de Nova York. “Certamente estamos em contato para somar forças, principalmente contra o marxismo cultural”, disse Eduardo.
Apesar disso, Bannon negou qualquer vínculo com a campanha de Bolsonaro, embora tenha elogiado o líder de extrema-direita. Na campanha, Bannon descreveu Bolsonaro como “líder”, “brilhante”, “sofisticado” e “muito parecido” com Trump.
Já eleito, Bolsonaro participou de jantar com Bannon, durante visita aos EUA, em 2019. Também participaram do encontro Olavo de Carvalho e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Sabotador de regimes democráticos
Durante as eleições, o ex-ministro da Educação e candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, alertou a sociedade brasileira sobre as ações de Bannon para sabotar regimes democráticos pelo mundo por meio de mentiras. “O que está caracterizado hoje é que este não é um movimento local. A extrema direita está ganhando peso no mundo, para cortar direitos e fazer o ajuste neoliberal em cima dos trabalhadores”, denunciou Haddad.
“Essa manipulação de informações via redes sociais, patrocinada por grandes empresários, sobretudo os barões americanos do petróleo, está saltando aos olhos”, disse Haddad, em entrevista ao ‘Brasil de Fato’.
Da Redação, com agências internacionais