Os presidentes do Brasil e da França, Lula e Emmanuel Macron, acompanharam, nesta quarta-feira (27), no Complexo Naval de Itaguaí (RJ), o batismo e lançamento ao mar do Submarino “Tonelero” (S42). A embarcação foi fabricada inteiramente no país e integra o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), resultado da parceria estratégica Brasil-França, firmada em 2008, durante o segundo governo Lula. Com orçamento de cerca de R$ 40 bilhões, o ProSub inclui transferência de tecnologias, previsão de 60 mil empregos diretos e indiretos e envolvimento de 700 empresas.
O ato marcou a conclusão do terceiro Submarino Convencional com Propulsão Diesel-Elétrica (S-BR). Antes dele foram entregues o “Humaitá” (S41) e o “Riachuelo” (S40). Ainda estão previstas a entrega de mais um submarino convencional — o “Angostura” (S43) — e a fabricação do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear: o “Álvaro Alberto”.
Equipados com sensores modernos, mísseis e torpedos, os submarinos construídos no âmbito do ProSub possuem alta capacidade dissuasória por serem armas letais de difícil localização quando submersos. A possibilidade da presença de submarinos em uma área marítima obriga qualquer força naval oponente a mobilizar muitos meios e esforços para a localização e o combate a essas embarcações.
O projeto do “Tonelero” incorpora a modernidade das embarcações francesas da classe Scorpène, com adaptações e incrementos para atender às necessidades específicas das operações da Marinha. Maior que o modelo francês, o “Tonelero” tem mais de 71 metros de comprimento e possui deslocamento submerso de 1.870 toneladas. Após ser colocado na água, o “Tonelero” vai dar início ao processo de testes para avaliar as condições de estabilidade no mar e os sistemas de navegação e de combate.
Além das autoridades presentes, Lula esteve acompanhado da esposa, Janja Lula da Silva, que presidiu a solenidade e foi madrinha de batismo do novo submarino da Marinha do Brasil, que contribuirá para a defesa da “Amazônia Azul”, como são chamados os 5,7 milhões de quilômetros quadrados do espaço marítimo brasileiro.
Lula definiu o evento no Rio como um momento “histórico e memorável” e disse que a parceria Brasil-França, “com seu elevado componente de cooperação em tecnologia de ponta, reforça a determinação do Brasil em conquistar maior autonomia estratégica, essencial diante das múltiplas crises e desafios com os quais a humanidade se depara neste século 21”.
“Hoje, com o complexo instalado aqui, na Baía de Sepetiba, o Brasil se posiciona dentro de um pequeno grupo de países que domina a construção de submarinos. O ProSub é o maior e mais importante projeto de cooperação internacional em assunto de defesa do Brasil. Ele garante a soberania brasileira no nosso litoral, fortalece a indústria naval com geração de emprego e renda e promove o desenvolvimento do setor com muita inovação”, ressaltou Lula.
Ele disse ainda que, com investimentos em seu sistema de defesa, o Brasil se fortalece para garantir a paz e a tranquilidade das populações do país e do continente.
“A defesa para quem mora num continente que já definiu em todas as reuniões da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos] que nós vamos continuar na América Latina, na América do Sul, sendo a zona de paz”, disse Lula. “A guerra não constrói, a guerra destrói. O que constrói é desenvolvimento, é conhecimento científico”, acrescentou.
Segundo ele, “um país que quer se proteger e construir a soberania do seu povo tem que se preocupar com o seu espaço aéreo, tem que se preocupar com a sua riqueza mineral, tem que se preocupar com a riqueza do solo e do subsolo, tem que se preocupar com a riqueza do mar, mas, sobretudo, nós temos que nos preocupar com a tranquilidade de 203 milhões de pessoas”.
Fortalecimento da democracia
Lula também afirmou que os bons resultados do ProSub reforçam ainda mais as relações diplomáticas do Brasil com a França, que vão completar 200 anos em 2025, além de contribuírem para o fortalecimento da democracia nos dois países.
“Porque, hoje, nós sabemos que existe um problema muito sério de animosidade contra o processo democrático deste país, contra o processo democrático do planeta terra. E nós sabemos que essa parceria vai permitir que dois países importantes, cada um no seu continente, se preparem para que a gente possa conviver com essa diversidade sem nos preocupar com qualquer tipo de guerra, porque nós somos defensores da paz em todo e em qualquer momento da nossa história”, afirmou.
Já Emmanuel Macron destacou que o sucesso da parceria para a fabricação de submarinos se deve à “determinação e visão” de Lula, que, em 2008, propôs ao governo da França a criação do ProSub. Também frisou que, em razão desse programa, o Brasil se tornou o único no hemisfério sul a ter uma instalação como o Complexo Naval de Itaguaí, “um dos mais modernos do mundo”.
“Se a façanha tecnológica só pode ser admirada, antes mesmo disso, é a vitória de uma vontade, de uma determinação. Uma determinação de um homem com uma visão, meu caro Lula, que soube marcar o rumo de uma ambição que, em 2008, podia parecer desmedida. Mas a França acreditou, a França aderiu e a França entrou nesta aventura ao lado de vocês, com todas as suas competências. As competências, capacidade de sua indústria, de seus industriais, de sua Marinha. E junto com a Marinha Brasileira, com a Indústria Brasileira”, disse o presidente francês.
Desenvolvimento econômico
Estruturado como um programa de desenvolvimento científico e tecnológico, o ProSub integra capacitação de mão de obra especializada e incentivo à indústria brasileira, uma vez que prioriza a aquisição de componentes fabricados no país. Além de representar um dos maiores programas estratégicos da Defesa, o ProSub tem impacto significativo na economia, com geração de mais de 60 mil empregos diretos e indiretos e envolvimento de 700 empresas.
O programa tem como meta, além da fabricação do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear (SCPN), a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que engloba estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) no município de Itaguaí (RJ).
Em função da transferência de tecnologia entre os países envolvidos, o Brasil terá a capacidade de projetar, construir, operar e manter seus próprios submarinos convencionais e com propulsão nuclear. O impacto na tecnologia, proporcionado pelo desenvolvimento e aprimoramento das inovações embarcadas no submarino, estimulará não só a área de Defesa, mas também setores nacionais civis nos campos de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Da Redação, com Site do Planalto