O golpista Michel Temer retirou, nesta terça-feira (5), a urgência na tramitação do pacote de medidas anticorrupção, enviado pela presidenta eleita Dilma Rousseff.
Na avaliação do líder do PT na Câmara, o deputado Afonso Florence (PT-BA), a decisão de Temer é a confirmação de que o objetivo do golpe era para barrar as investigações de corrupção.
“É a confirmação que a delação de Sérgio Machado e o áudio de Romero Jucá anteciparam, de que o golpe tinha por objetivo barrar as investigações sobre corrupção. Aquela gravação, Jucá deixa explicito que a conspiração golpista tinha esse objetivo. E agora essa iniciativa do presidente interino golpista confirma”, declarou.
Para Florence, “o governo Temer já derreteu” e o interino opera para salvar o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e impedir que corruptos sejam investigados.
A líder da minoria na Câmara, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ressaltou que Cunha, quando presidente da casa, nunca deixou acontecer a votação do pacote anticorrupção, “e nesse momento é Michel Temer quem tira a urgência”.
“Isso está somado à gravação de Jucá, que dizia que o impeachment era necessário para paralisar a Lava Jato, à conversa na calada da noite de Cunha com Temer, às manobras de Cunha para atrasar a sua cassação, e ao que disse a senadora Kátia Abreu, de que o déficit foi ampliado para R$ 170 bi sem nenhuma necessidade, mas para que R$ 50 bilhões fossem utilizados para comprar o impeachment dentro do Congresso Nacional”, afirmou.
Jandira considera que mais esse ato do golpista Temer deixa claro o conluio que fala em ética, mas que na prática aprofunda e solidifica a corrupção no Brasil. Para ela, “os corruptos que estão no governo” se articulam com os “corruptos dentro do Congresso” para que o combate à corrupção não ande e que Eduardo Cunha tenha protelada a análise do seu processo de cassação.
“Esse golpe nada tem de ético, esse golpe tem cara, jeito e agenda, que é a agenda de retirada de direitos e de desnacionalização da nossa economia, além de manter os corruptos mandando nesse País”.
Pacote de Dilma
O pacote anticorrupção foi lançado em março de 2015 pela presidenta eleita e contém três propostas: criminalização de caixa dois em atividades ilícitas nas contas de partido político ou campanha eleitoral; alteração do Código de Processo Penal para incluir medida cautelar de indisponibilidade de bens, direitos e valores obtidos com recursos de origem ilícita; tipificação do crime de enriquecimento ilícito de funcionários públicos, inclusive políticos.
O deputado Florence lembrou que foi no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a independência da Polícia Federal foi obtida, permitindo a ampliação das investigações contra a corrupção, e que “a delação premiada fez parte de uma das iniciativas legais propostas pela presidenta Dilma”.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias