No dia que marcou a mobilização nacional pela revogação da proposta do Novo Ensino Médio (NEM), a senadora Teresa Leitão (PE) deu entrevista para a Secretaria Nacional de Mulheres do PT falando sobre a subcomissão criada para debater a proposta de educação para os adolescentes.
A subcomissão foi criada a partir do requerimento apresentado pela senadora nesta semana.
Ela explica que um dos objetivos do grupo, que terá o prazo de 180 dias para debater o tema, é ouvir todos os setores da educação, tendo em vista que o NEM tem provocado muitas reações:
“Até porque a implementação não condiz com aquilo que a gente deseja, que é a inclusão social e a preparação dos estudantes da educação básica para a universidade. Há muitas ideias controvertidas. Não podemos desprezar aquilo que foi construído no nosso programa de governo e na equipe de transição. É um ponto sensível porque já está em curso e para ser revogado a gente tem que colocar algo no lugar. Então a ideia é essa: discutir o cenário do Ensino Médio e seus desafios, suas perspectivas e incorporar aquilo que, historicamente, está previsto no Plano Nacional de Educação”, informa.
Como parte do golpe impetrado desde 2016, a estratégia de tornar a educação brasileira obsoleta e que favoreça as instituições privadas ganhou peso com a aprovação, em 2017, durante a gestão de Michel Temer, do novo ENM. Não houve debate com estudantes, profissionais da área e sociedade civil.
“Esse novo Ensino Médio foi criado no governo Temer e implementado de forma mais efetiva depois que Bolsonaro assumiu, mas sem nenhum controle, sem nenhuma coordenação nacional. Então, tem muita coisa para ser revista de fato e os estudantes e os trabalhadores da educação estão exercendo seu direito de ir às ruas. E a pandemia foi um fator que teve influência muito negativa na educação, sem sombra de dúvidas”, relembra.
Para Raíza Emanuelle, diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) em Políticas Estudantis, a criação da subcomissão é positiva, pois, a partir dos interlocutores da educação no Senado, inclusive, a senadora de Pernambuco, Teresa Leitão, o movimento estudantil, junto aos professores, terão voz nesse debate.
“A UBES acredita que é um dos primeiros passos para, de fato, escutar aqueles que são envolvidos e prejudicados com o novo Ensino Médio, e assim debater as principais questões problemáticas, tanto em relação à formação dos estudantes, o acesso ao ensino superior, e os problemas que envolvem os professores com um todo. A criação dessa comissão é estratégica para a educação brasileira”, defende a liderança estudantil.
Sobre a mobilização pela revogação da proposta do NEM, promovida pelos estudantes e trabalhadores da educação em todos os níveis, a parlamentar defende que “isso é um pouco do cenário que a gente está vivendo, do inconformismo da comunidade escolar com a implementação dessa reforma.”
Na semana passada, o Ministério da Educação abriu consulta pública para “para avaliação e reestruturação da política nacional de Ensino Médio, com objetivo de abrir o diálogo com a sociedade civil, a comunidade escolar, os profissionais do magistério, as equipes técnicas dos sistemas de ensino, os estudantes, os pesquisadores e os especialistas do campo da educação para a coleta de subsídios para a tomada de decisão do MEC acerca dos atos normativos que regulamentam o Novo Ensino Médio”.
“Eu considero esse o tema mais urgente para debater em relação à educação neste momento”, defende a senadora do PT de Pernambuco.
Elas por Elas, com informações de PT no Senado, Planalto e DOU