Para Elvino Bohn Gass (PT-RS), a reforma da previdência proposta pelo presidente golpista Michel Temer (PMDB) retira direitos e não mexe em privilégios. O deputado, líder da Frente Parlamentar em Defesa da Previdência Rural, classificou a medida como “a mais cruel e desumana” já vista e afirmou que trabalhará para barrar a reforma.
Ao impor uma idade mínima única para todos os trabalhadores, de 65 anos, Temer prejudicará sobretudo os trabalhadores rurais. Isso porque o trabalho no campo começa cedo, e é comum que desde bem jovens, os trabalhadores já ajudem as suas famílias no trabalho do campo.
“Querer jogar a aposentadoria do trabalhador rural para 65 anos é querer que ele se aposente lá no fim vida dele. Ele trabalhou desde cedo na roça com a família, é o que mais tempo trabalhou, na intempérie, faça chuva ou faça sol, fins de semana”
Hoje, a mulher do campo se aposenta aos 55 anos, e o homem aos 60. O deputado também ressalta a dupla injustiça contra a mulher. Isso porque a mulher enfrenta a jornada dupla de trabalho. “A Constituição reconheceu a diferença do trabalho em relação à mulher, e isso é totalmente ignorado pelo governo Temer”, afirma.
Mudanças no regime de contribuição
Outro ataque ao trabalhador rural é a mudança no regime de contribuição. Hoje, a contribuição à Previdência é feita proporcionalmente à produção (2,3%). Se a produção é maior, a contribuição é maior também. Se há uma seca ou tempestade e a colheita é prejudicada, a contribuição cai. Temer quer modificar isso e fazer uma contribuição mensal e individual, sem considerar que o trabalhador rural não é assalariado.
Ou seja, muitas vezes, ele não tem condições de pagar uma contribuição mensal, já que a colheita é anual. Além disso, quando a colheita não ocorre, ele não tem condições de contribuir à Previdência, e o governo golpista ignora essas especificidades da categoria.
Sem legitimidade
Para Bohn Gass, Temer faz uma análise fiscalista, olhando apenas para os recursos que vão para a Previdência, mas sem olhar para os privilégios em categorias como do judiciário e dos militares, ou enfrentando o problema da sonegação no Brasil.
“Michel Temer não tem nenhuma legitimidade, não tem apoio popular, não foi eleito, tá lá para agradar o mercado”, afirmou que reforma “não tem nenhuma legitimidade de ser apresentada por alguém que se aposentou 55 anos”, diz.
O deputado lembrou que as agendas do secretário da Previdência Social, Marcelo Caetano, mostram que ele se reuniu sobretudo com entes do setor financeiro, como bancos americanos (Goldman Sachs) e brasileiros (Bradesco), além de fundos de pensão.
Da Redação da Agência PT de Notícias