Logo após o anúncio feito pela montadora de fechar as três plantas da empresa que funcionam no Brasil, os trabalhadores e trabalhadoras da Ford Brasil em Camaçari, na Bahia, e em Taubaté, interior de São Paulo, decidiram pela realização de protestos permanentes para tentar reverter a decisão tomada pela multinacional.
As plantas de Camaçari e de Taubaté foram fechadas imediatamente após o anúncio, sendo que apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo, permanecerão funcionando. E a planta da Troller, em Horizonte (CE), também será desativada no último trimestre de 2021.
Só na Bahia, mais de 60 mil pessoas podem ser impactadas pela decisão da empresa e em Taubaté quase 12 mil, direta e indiretamente.
Na última quarta-feira (13), durante ato simbólico em frente à Câmara Municipal de Taubaté/SP, os trabalhadores e as trabalhadoras na Ford aprovaram uma agenda de luta para reverter o fechamento da empresa na cidade e manter os empregos diretos de até 5 mil pessoas.
De acordo com o presidente do Sindimetau, Claudio Batista da Silva Júnior, o Claudião, o momento é de mobilização e de articulação com as centrais sindicais e sindicatos, além de uma série de atividades via online, assim como a realização de protestos permanentes. “A categoria não vai sair da porta da empresa. Ninguém entra e ninguém sai. Precisamos permanecer na luta para garantir empregos”, enfatizou.
No mesmo momento do ato em Taubaté, os trabalhadores e trabalhadoras da Ford em Camaçari, na Bahia, também estavam em protesto no centro administrativo na cidade para pressionar o governo local.
Uma agenda de mobilização foi aprovada pelos trabalhadores da Ford, tanto de Taubaté, quanto em Camaçari, para tentar reverter a situação, com protestos, audiências públicas, plenárias, diálogo com a sociedade e com parlamentares.
As centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB decidiram durante realização de um fórum virtual para tratar da decisão da Ford convocar para o próximo dia 21 uma série de manifestações em frente às concessionárias da Ford no país.
E na próxima terça-feira (19), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), vai até Brasília para se reunir com os embaixadores da Índia, Japão e Coreia do Sul para apresentar oportunidades de investimento no estado.
Indignação
A decisão da Ford de deixar o Brasil também deixou indignado o secretário-geral da IndustriALL Global Union, Valter Sanches, que enviou nesta quinta-feira (14) uma carta ao presidente e CEO da Ford Motor Company, Mr. James D. Farley para tratar do assunto.
Na carta, ele pediu que a Ford reconsidere a sua decisão e que envolva os sindicatos na discussão de saídas para a multinacional permanecer no país para preservar empregos e economia.
Valter Sanches, que falou em nome de mais de 50 milhões de trabalhadores nos setores de mineração, energia e manufatura em todo o mundo representados pela IndustriALL, incluindo trabalhadores da Ford em muitos países, disse que escreveu a carta para expressar a indignação com a extrema decisão da empresa em deixar o Brasil após 102 anos de história de fabricação e vendas no país,
“Ao manter tal posição, a reputação da marca será mortalmente ferida em um mercado importante como o Brasil”, afirma o secretário-geral da Industriall Global Union no texto.
Da Redação, com site da CUT