Jair Bolsonaro (PSL), que prometeu ampliar o setor agrícola brasileiro, prova que não tem compromisso sequer com seus eleitores e esgota recursos para o financiamento de máquinas às vésperas da maior feira de tecnologia rural do país. As perdas de mais um duro golpe contra um dos setores que o elegeu são inestimáveis.
Nesta segunda-feira (15) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeu pedidos de financiamento para o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) e para o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro), com taxa pós-fixada.
A medida foi assinada a duas semanas da Agrishow, maior feira e tecnologia agrícola do país que será realizada de 29 de abril a 3 de maio em Ribeirão Preto. Fabricantes de máquinas para o setor demonstram preocupação com a queda nas vendas durante o evento.
Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), relatou que o investimento necessário seria de R$14 bilhões, mas o Banco só liberou R$9 bilhões este ano.
Ainda de acordo com Miguel Neto, os mais prejudicados com a falta de recursos são os pequenos e médios produtores que, diferente dos grandes, não tem alternativas para conseguir linhas de crédito com outros bancos. Ele afirma ainda que não dá para estimar o impacto nas vendas da Agrishow e que não há qualquer sinalização do Ministério da Agricultura para remanejamento de recursos.
Política desastrosa de Bolsonaro prejudica a agricultura
Essa não foi a primeira vez que o setor agropecuário foi afetado pelo atual governo. Em março, quando viajou para os Estados Unidos, Jair anunciou uma cota de 750 mil toneladas para importação de trigo dos Estados Unidos sem taxa. A medida prejudica os produtores brasileiros e as relações comerciais com a Argentina, principal fornecedor do grão através de acordos do Mercosul.
Em janeiro, ainda no primeiro mês de mandato, a Arábia Saudita reduziu de 30 para 25 o número de frigoríficos brasileiros autorizados a comercializar carne para o país árabe, que foi responsável pela importação de 14% da carne de frango produzida no Brasil em 2018.
A decisão do país árabe foi anunciada após Bolsonaro afirmar repetidas vezes que mudaria a embaixada brasileira em Israel de Jerusalém para Tel-Aviv. As possíveis retaliações sobre a interferência no conflito ameaçam também os investimentos que foram feitos no Brasil para produção de carne halal – abatida segundo os preceitos islâmicos, que é exportada para 57 países sendo 22 do mundo árabe.
O setor agropecuário é responsável por 21% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Da Redação da Agência PT de Notícias