A música “Triste partida“, de Patativa do Assaré, gravada em 1964 por Luiz Gonzaga, relata em seus versos a garra e a fé do povo nordestino. Uma fé que se fortalece na devoção a São José, a quem os sertanejos clamam por chuva, todo dia 19 de março. Mas, nem sempre, a água desejada chega a tempo de salvar as lavouras e o gado, os principais meios de sustento dos moradores da região.
O Nordeste tem 28% da população brasileira, mas a disponibilidade de água é de apenas 3%, toda ela oriunda de uma única fonte: o rio São Francisco, o Velho Chico. O maior rio navegável do País nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e percorre 2,7 mil quilômetros pela Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, onde, finalmente, encontra o Oceano Atlântico.
Para garantir a segurança hídrica dessa região, o governo federal desenvolve o Projeto São Francisco que beneficiará cerca de 400 cidades, segundo o Ministério da Integração, responsável pela iniciativa.
O projeto é uma das maiores obras de infraestrutura em andamento no País e no mundo. A partir dele, acelerou-se o desenvolvimento da região, onde uma revolução se desenrola a partir das mudanças na economia de pequenos municípios.
O Projeto São Francisco emprega hoje, diretamente, mais de 10 mil pessoas, além de outras milhares, indiretamente. Dos 8,2 bilhões de reais investidos no empreendimento, 1 bilhão de reais está sendo aplicado em programas ambientais. Além disso, depois de concluída, a transposição vai beneficiar pelo menos 12 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Durante toda esta semana, a Agência PT de Notícias vai mostrar a complexidade e a importância do Projeto São Francisco, um empreendimento que vai muito além da obra física, uma obra prevista para acabar em 2015. Trata-se, acima de tudo, de um dos maiores investimentos sociais, ambientais e de desenvolvimento da história do Nordeste. A transposição das águas do Velho Chico, antigo desejo de milhões de sertanejos, está prestes, portanto, a se tornar uma realidade.
Por Edson Luiz (texto) e Cadu Gomes (fotos), da Agência PT de Notícias