O esquema de cartel nos contratos de trens e metrôs em São Paulo, conhecido como “trensalão tucano” prossegue nas investigações, mas ainda não há punição aos envolvidos. Na segunda-feira (31), a pedido do Ministério Público (MP), Justiça de São Paulo intimou um ex-executivo da Siemens. Réu na ação, ele não está no Brasil. Ao mesmo tempo, a empresa francesa Alston está negociando com o MP a devolução de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, pelos desvios cometidos no Metrô de São Paulo.
O deputado estadual Alencar Santana (PT) acredita que falta transparência nas investigações no MP, pois há suspeitas de envolvimento de autoridades públicas.
“O MP está propondo um acordo com as empresas, mas quem são as pessoas denunciadas, quais são as autoridades públicas envolvidas? Tem muita coisa obscura”, declarou o deputado, em entrevista à “Rádio Brasil Atual”.
O caso do esquema nas licitações do Metrô de São Paulo eclodiu em 2012, mas Alencar lembrou que ele vem desde os anos de 1998, durante o governo Mário Covas, e perdurou nos governos tucanos de Geraldo Alckmin e José Serra.
Para o deputado, o maior prejudicado é a população, que sofre no dia-a-dia com metrô e trens cheios, demoras e panes, além de obras que não avançam ou que são paralisadas.
“O principal prejudicado é o cidadão paulistano, que convive com uma estrutura ineficiente de transporte público. Ao mesmo tempo, uma denúncia de desvio, desde o começo do governo do PSDB em São Paulo, não é apurada com o devido rigor para que se chegue a uma conclusão”, lamentou o deputado.
Alencar teme que o ressarcimento pode silenciar as investigações e impedir que autoridades públicas que participaram dos esquemas de corrução não sejam identificadas. Ele lembrou que o acordo não prevê confissão de culpa e nem delação de outras empresas que possam estar envolvidas.
“A forma como o caso está sendo tratado em São Paulo é horrível. Resolve a questão criminal com uma reparação monetária. Estamos tratando apenas como um negócio”, declarou Alencar.
Para o deputado estadual João Paulo Rillo (PT), um esquema tão duradouro não poderia se manter sem a participação da cúpula tucana. “Um esquema tão perene não poderia ter se sustentado ao longo dos governos tucanos sem a participação de agentes públicos e de líderes do PSDB”, conclui o deputado.
De acordo com Rillo, há “quantidade generosa de indícios”, mas o que se vê é a impunidade. “As ações da Justiça e do Ministério Público para apuração e punição dos responsáveis pelo Cartel do Metrô precisam aprofundar as investigações”, reclama o deputado.
Trensalão – Descoberto em 2013, o “Trensalão” expôs o caso de corrupção e formação de cartel em contratos de expansão e manutenção de trens e metrôs de São Paulo. O esquema funcionou por pelo menos 10 anos, entre 1998 e 2008, nos governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB.
Foi descoberto o envolvimento de empresários e agentes públicos do Metrô e da Companhia Paulista de Transporte e Metrô (CPTM), além de pelo menos 10 grandes empresas, como a Siemens e a Alstom Brasil, com prejuízo estimado em R$ 418 milhões aos cofres estaduais, segundo o MP.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias