Partido dos Trabalhadores

Tucanos retomam discurso pela privatização da Petrobras

Em entrevista, Serra defende venda, concessão ou extinção de patrimônio da estatal

Documento divulgado pelo site Wikileaks revela comprometimento de Serra com empresas de petróleo norte-americanas

Com as apurações em torno das irregularidades na Petrobras, investigadas na Operação Lava Jato, os tucanos voltaram a disseminar uma velha ideia: a privatização da estatal brasileira.

Desta vez, o recém-eleito senador José Serra (PSDB-SP) defendeu, em entrevista publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” nesta quinta-feira (5), que o patrimônio seja “vendido, concedido ou extinto”.

O tucano também propõe uma revisão no modelo de concessão do pré-sal, ao defender que a Petrobras não tenha participação em todos os poços sob exploração.

Não é novidade que a oposição, encabeçada pelo PSDB, retome essa velha proposta.

Em 2013, Julian Assange, fundador do site Wikileaks, divulgou um pacote de documentos que incluíram telegramas trocados, em 2009, entre a embaixada dos Estados Unidos em Brasília, o consulado americano no Rio de Janeiro e o Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos, em Washington.

Neles, a diretora da petroleira americana Chevron no Basil, Patrícia Padral, afirmava ter garantias de José Serra de que as petroleiras estrangerias não deveriam se preocupar com o novo modelo de partilha do pré-sal, em discussão no Congresso Nacional, caso o tucano fosse eleito presidente da República.

Naquela época, o Congresso discutia a nova legislação do petróleo e Serra buscava se cacifar como pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, o que, de fato, se tornou meses depois.

Pelos documentos divulgados pelo Wikileaks, os diplomatas americanos estavam em contato com o Congresso Nacional e queriam conhecer a avaliação das petroleiras do País, instaladas no Brasil, sobre o debate entre os parlamentares sobre o petróleo nacional.

“Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem”, registram os documentos.

“As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava. E nós mudaremos de volta”, disse Serra à executiva da Chevron, conforme mensagem do Consulado Americano no Rio ao Departamento de Estado, em 2 de dezembro de 2009.

Patrícia Padral, segundo o site, disse à diplomacia norte-americana que Serra teria se comprometido, em conversa privada, a alterar as regras do pré-sal em favor do interesse das petroleiras daquele país.

Outros documentos também divulgados pelo Wikileads, do mesmo período, revelam a insatisfação das petrolíferas estrangeiras com a lei de exploração aprovada pelo Congresso.

A principal reclamação das empresas americanas, à época, foi a Petrobras tornar-se a única operadora da exploração, apesar dos esforços das estrangeiras para flexibilizar esse ponto do texto no Senado. Coincidentemente, ou não, é a mesma proposta defendida pelo senador tucano na entrevista ao jornal paulista.

Por Áureo Germano, da Agência PT de Notícias