O Brasil foi surpreendido, na noite desta quinta-feira (26), com uma das ações mais absurdas já tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro referente à pandemia de coronavírus: a campanha “O Brasil não pode parar”. Claramente galgada sobre ideais ultraneoliberais, que visa atender apenas o empresariado, Bolsonaro, em nome da economia, derruba a quarentena e implanta medidas que levaram a Itália a experimentar um boom de óbitos no último mês.
Ao custo de R$ 4,8 milhões, Bolsonaro impõe a necro política que tem pautado o primeiro mês de crise no Brasil. E é justamente nesse contexto, que o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o médico sanitarista e vereador, Pedro Tourinho, debateram a saúde pública na TV PT desta sexta-feira (28).
“O que tem que ser feito é a testagem em massa, combinado com a quarentena global. Sem tudo isso, estaremos em um voo cego. Nesse momento, o Brasil não tem dimensão global da situação aqui. Não existe sequer dimensão de infectados e temos contado apenas os óbitos. Aí vem o presidente da República e reproduz tudo que deu errado na Itália onde está um dos maiores números de óbitos do mundo. Estamos 25 dias atrás dos países europeus, tivemos tempo para adquirir testes, mas ao contrário, esse governo genocida prioriza atender os interesses do capital e do setor financeiro. Se faltava motivo pra ele sair, não falta mais, disse Tourinho.
União repassou o equivalente a R$ 2,00 por pessoa
O ex-ministro Arthur Chioro falou sobre a irresponsabilidade política e orçamentária do governo federal nesse período de crise sanitária, social e econômica. Ele explicou que a União, a pedido dos estados e municípios, repassou apenas R$ 5 bi, mas se levarmos em conta os cortes de R$ 4,8 bi do orçamento da saúde, restam apenas R$ 485 milhões. “Isso dá um total de R$ 2,00 por pessoa, da pra compara um sabonete ou 58 ml de álcool em gel. É absurdo. Um acinte com o povo brasileiro. E para piorar, a própria capacidade de coordenação foi rompida a partir do momento que o Ministro da Saúde capitula e adere ao discurso genocida de Bolsonaro ao defender isolamento vertical”, afirmou o ex-ministro lembrando que nenhum país adotou essa estratégia, a OMS sugere exatamente o oposto e não existe na literatura medica qualquer prova de que o isolamento vertical possa funcionar. Chioro lembra ainda a importância do STF revogar a PEC do Teto que já retirou R$ 22,5 bilhões da saúde pública brasileira.
“Não estou preocupado com o cara do Madero, mas com o povo”
Na completa ausência de atuação do governo federal – que prioriza o jogo ideológico em prol do setor financeiro – o PT e outros partidos de oposição tem atuado diretamente na defesa do povo brasileiro. Na noite de quinta, foi aprovado o PL do seguro quarentena (um salário de R$ 600 a R$ 1,2 mil para as famílias carentes e que atuem na informalidade). De acordo com Chioro, outras medidas também tem sido planejadas e apresentadas para a população ao longo das últimas semanas. “A oposição e o Congresso fizeram o que o governo federal não fez. Eu não estou nem um pouco preocupado com o cara do Madero, com o cara da Havan, mas sim com os trabalhadores diretos, que estão na linha de produção ou os informais que estão desprotegidos. A classe média alta vai sobreviver, temos que nos preocupar com os milhões dependem de ações emergenciais pra sobreviver, como quem mora em favelas, em lugares que sequer possui água”.
Chioro mencionou a atuação dos NAPPs da Saúde e Economia do PT na elaboração de propostas junto a outros núcleos que tem oferecido recursos e estudos para aprimorar as iniciativas que possam substituir a inação do governo federal.
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Da Redação da Agência PT de Notícias