Dois manifestos publicados neste final de semana nos principais jornais brasileiros apontam a fundação de uma resistência política pacífica, ampla, de diferentes campos ideológicos, em defesa da Constituição, da democracia brasileira e contra a escalada autoritária do presidente Jair Bolsonaro, que vem agredindo sistematicamente as instituições democráticas e acenando para uma ruptura do Estado de Direito, flertando com a adoção de um regime autoritário.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PR), saudou as iniciativas: “Uma importante demonstração de que a democracia soma. As forças políticas precisam dar consequência a gestos como este. Unidade na luta contra o fascismo”. Ela também destacou a defesa feita por juristas, de diferentes matizes ideológicas, da Constituição e da Democracia. “O STF tem de investigar esta quadrilha, o TSE tem de julgar chapa Bolsonaro-Mourão e a Câmara tem de processar impeachment”, aponta. “Basta de tolerar o intolerável. Grande e importante coletivo de juristas comprou páginas de principais jornais para publicar o manifesto”.
“O Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático, atentando, a um só tempo, contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito, contra a saúde dos brasileiros, agindo despudoradamente, à luz do dia, incapaz de demonstrar qualquer espírito cívico ou de compaixão para com o sofrimento de tantos”, aponta o manifesto dos juristas.
“Todos nós temos a firme convicção de que o Direito só tem sentido quando for promotor da justiça. Todos nós acreditamos que é preciso dar um BASTA a esta noite de terror com que se está pretendendo cobrir este país”, diz o texto, que conclui: “Sejamos intolerantes com os intolerantes!”. O manifesto “Basta”, assinado por 600 advogados, é uma reação aos constantes ataques de Bolsonaro contra a democracia e as instituições. O documento conta com a assinatura de nomes como José Eduardo Cardozo, Dalmo Dallari, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Marcos da Costa, Mario Sergio Duarte Garcia, Pedro Gordilho, Sebastião Tojal e Cláudio Lembo, além dos os ex-ministros José Carlos Dias, José Gregori e Celso Lafer.
O outro manifesto, intitulado “Somos muitos”, reúne políticos e figuras públicas, incluindo artistas, escritores e religiosos, em que alertam para os desmandos do governo e defendendo o respeito à diversidade e à Constituição. Eles assinam manifesto como Movimento Estamos Juntos, contra o que chamam de “desmandos de qualquer governo”.
O texto destaca: “Vamos juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiros”. Há aproximadamente 230 assinaturas públicas no documento, incluindo do Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PCdoB), Manuela D’Ávila (PCdoB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e artistas, intelectuais e personalidades da vida pública nacional, como Dom Odilo Sherer, cardeal arcebispo de São Paulo; Monja Cohen, religiosa budista; Caetano Veloso, Chico Cesar, Lobão, Fernanda Montenegro e Antonio Fagundes, dentre outros.
Da Redação