As universidades e os institutos federais estão em greve. A greve envolve três categorias diferentes: os professores das universidades, os professores dos institutos e os técnicos administrativos. Cada uma destas categorias é representada por diferentes entidades sindicais. No caso dos docentes, há duas entidades que disputam a representação: o Andes e o Proifes. O Andes representa cerca de 60 associações docentes, o Proifes representa cerca de 10 associações docentes.
No dia 27 de maio, o governo considerou encerradas as negociações e assinou um acordo em separado com o Proifes. O acordo assinado contém três dimensões principais: reajustes no salário, reajuste nos benefícios e mudanças na progressão das carreiras. O governo argumenta que, considerando o conjunto do que foi oferecido, estaria oferecendo um reajuste que cobriria não apenas as perdas estimadas para o período 2025-2026, mas também parte das perdas ocorridas durante o biênio 2023-2024 e, inclusive, parte das perdas ocorridas durante o período do golpe e do governo de extrema direita.
Parte dos trabalhadores concorda com esta opinião e aprovou, em assembleias e consultas em urna, tanto a proposta do governo quanto o encerramento da greve (há, também, algumas poucas universidades que nunca chegaram a entrar em greve). Outra parte dos trabalhadores discorda da proposta do governo e decidiu manter a greve. Embora haja diferentes versões, os dados disponíveis indicam que até o momento da assinatura do acordo, a maioria das categorias, na maioria das universidades, se manifestou contra o acordo e a favor de continuar a greve.
As entidades que decidiram manter a greve apresentaram uma contraproposta e solicitar ao governo que mantivesse a negociação. O governo, mesmo reafirmando que não tem margem orçamentária para conceder mais nada, agendou uma nova reunião no dia 3 de junho. A contraproposta apresentada pelas entidades inclui medidas não orçamentárias (como revogação de decisões dos governos Temer e Bolsonaro), inclui medidas gerais (como recomposição do orçamento das universidades) e inclui medidas orçamentárias (como a concessão de um reajuste em 2024).
Um dos pontos mais polêmicos reside exatamente no tema do reajuste de 2024. O governo afirma que não tem margem para oferecer mais; que reajustou os benefícios; e que o conjunto dos reajustes oferecidos dará conta de eliminar as perdas inflacionárias de 2024. Já os grevistas afirmam que reajuste zero em 2024 equivale a confisco salarial, que afetará principalmente os aposentados, que não terão nem mesmo os reajustes em benefícios.
Outro ponto polêmico reside na decisão do governo, de assinar um acordo com o Proifes. O próprio Proifes é filiado a CUT e afirma que sua posição é respaldada em decisões de base. Já o Andes afirma que o Proifes é pouco representativo e que a maioria da base do Proifes recusou a proposta do governo e segue em greve.
A executiva nacional do PT debateu o tema na sua reunião de 27 de maio e solicitou ao governo que fizesse um esforço de prosseguir a negociação.
Da Redação