Responsável pela maior crise hídrica da história de São Paulo, o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu, na noite terça-feira (13), um prêmio por gestão hídrica. A premiação aconteceu no mesmo dia em que veio à público a denúncia de que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) manterá em sigilo registros e operações sobre a seca.
A intenção é manter segredo por 15 anos documentos que informam, por exemplo, quais os locais terão ou não o fornecimento de água interrompido em um possível rodízio no estado.
O prêmio, além de bastante questionado, gerou constrangimento para a administração estadual, em especial, para o secretário estadual de Recursos Hídricos, Benedito Braga, enviado para receber o prêmio dado pela Câmara dos Deputados.
Ao ser substituído, Alckmin não presenciou o protesto de grupos populares e entidades que ironizaram a premiação com cartazes, vaias e gritos de “torneira seca” direcionados ao secretário.
Para o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), a entrega desse prêmio ao governo tucano é “extremamente irônico”, visto que São Paulo passa por sérios problemas na gestão hídrica.
“É uma irresponsabilidade entregar um prêmio a um gestor como ele, que além de não desenvolver políticas públicas para atender a demanda da população ainda omite informações necessárias dos paulistas”, critica.
A exemplo do que fez com os documentos sobre obras no metrô do estado, o governo de São Paulo publicou no Diário Oficial, no dia 30 de maio, o sigilo do Cadastro Técnico e Operacional da Sabesp.
O decreto faz com que a companhia não tenha obrigação de dar qualquer tipo de informação sobre procedimentos e projetos técnicos, entre eles, a localização de redes de água e esgoto, equipamentos e instalações de sistemas operacionais.
À reportagem do portal “IG”, a Sabesp afirmou que os dados sobre o corte de água não serão divulgados para não causar vandalismo e “planejamento de ações terroristas”.
O sigilo dos documentos também desobriga a companhia de divulgar quais são os locais que não estão conectados ao sistema de coleta de esgotos, mesmo onde há rede.
Prascidelli afirma que tais ações do governo Alckmin deixam claro o “descaso” de duas décadas do PSDB com a população de São Paulo.
“São 20 anos de descaso e não apenas com o saneamento básico e abastecimento de água, mas com a segurança pública e também com a educação. A moda na gestão de Alckmin é fechar escola e desvalorizar professor”, condena.
O nível do Sistema Cantareira, maior fornecedor de água do estado, está em 16,4% da sua capacidade total e, por isso, parte dos moradores da grande São Paulo reclamam do rodízio de água, cuja existência é negada pela Sabesp.
Além disso, os moradores reclama da má qualidade da água que chega às casas da região. A Sabesp apresentou um laudo no qual apontava a presença de metais pesados e agrotóxicos na água dos municípios de São Bernardo, Diadema e de metade de Santo André.
Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), a falta de água no estado é resultado da falta de planejamento do governo paulista.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias